O canto do cisne de um ex-grande de Pernambuco


A foto que ilustra este texto mostra jogadores do América Futebol Clube concentrados para a decisão do Campeonato Pernambucano de 1944 com o Náutico. Naquele ano, o Alviverde sagrou-se campeão pela última vez, após ter levantado a taça em 1918, 1919, 1921, 1922 e 1927. Sem saber, seus atletas viviam uma fase que antecedia o ‘canto do cisne’, que estava a caminho, daquele que durante muito tempo foi um dos quatro grandes do futebol de Pernambuco. Nas primeiras edições do certame estadual chegou a ser considerado o melhor de todos.


Da sua caminhada nos tempos gloriosos, o América conta com o título de Campeão do Centenário, obtido em 1922, quando foi comemorado o primeiro centenário da Independência do Brasil – o segundo será daqui a quatro anos. Essa denominação também foi dada a outros clubes espalhados pelo País, que brilharam em seu respectivo Estado. Todavia, apenas o América e o Corinthians passaram a ser tratados como tal. O clube paulista repetiu o feito em 1954, quando a cidade de São Paulo completou 400 anos e passou a ser tratado pela mídia, como Campeão dos Centenários.

 VILÃO

Voltando ao América, vemos em pé, de touca, Astrogildo, ponta-direita que o técnico Álvaro Barbosa, gaúcho, transformou em lateral-esquerdo. Ele teve um irmão, Bero, que também vestiu a camisa alviverde, atuando na mesma posição.

Durante muito tempo, Astró, como era conhecido no meio da boleirada, carregou sobre os ombros a culpa pela fratura de uma perna de Ademir, num jogo em que o Vasco da Gama, o time do Queixada, revelado pelo Sport, numa excursão ao Recife, enfrentava o América. O ex-defensor rubro-negro era a maior atração dos cruzmaltinos para o pessoal de sua terra. Encerrada a carreira, Astrogildo passou a atuar como técnico. Em Pernambuco dirigiu o Sport e o Central.

FAMÍLIA MOREIRA

Vemos ainda na foto, à direita, o então diretor de futebol americano, Rubem Rodrigues Moreira, que mais tarde seria eleito presidente da Federação Pernambucana de Futebol. Teve seu nome lançado pelo Íbis, do qual era representante na antiga Federação Pernambucana de Desportos, depois de uma desavença com seu clube de coração. Eternizou-se no cargo durante 27 anos consecutivos, uma vez que era sempre reeleito a cada biênio. Só saiu, em 1982, por causa de uma lei que passou a proibir mais de uma reeleição dos presidentes de federações.

Rubem, que os jornalistas e dirigentes sudestinos tratavam por Rubão, era irmão do presidente do América, naquela conquista, José Moreira. Este, pai de João Antônio e José Amaro, que exerceram a presidência alviverde, e de José Alexandre Mirinda Moreira, ex-presidente do Santa Cruz, José Alberto Moreira e José Augusto Moreira Neto, deixou seu nome fortemente gravado na trajetória alviverde.

Além de ter sido o presidente na última conquista do Estadual pelo clube de seu coração, Zezé Moreira, como era conhecido, foi o responsável pela construção da sede esmeraldina. Localizado na Estrada do Arraial, no bairro de Casa Amarela, ao lado do Sítio da Trindade, o “palacete alviverde” foi inaugurado em 16 de dezembro de 1951. A sede do Campeão do Centenário esteve há algum tempo para ser leiloada, mas escapou, graças ao empenho de velhos e novos americanos. João Moreira, irmão de Rubem e Zezé,também comandou os destinos do clube.

ÚLTIMOS CAMPEÕES

Na foto, ao lado de Rubem Moreira, está o cronista esportivo Hélio Pinto, um cearense que plantou os pés no Recife e, de cara, apaixonou-se pelo América. Durante anos, Hélio exerceu a dupla função de jornalista e empresário de futebol, quando esta atividade ainda estava nascendo. Junto de Hélio, lendo um jornal, vemos o potiguar Julinho, o mais tarde advogado, deputado estadual e proprietário da Rádio Relógio Musical, Júlio Jesum de Carvalho.

No seu último título de campeão pernambucano, o América tinha esta formação: Leça, Deusdedith e Lucas; Pedrinho, Capuco e Astrogildo; Zezinho, Julinho, Valdeque, Edgar e Oseas.

Na melhor de três, na realidade, uma melhor de duas, o América derrotou o Náutico por 2x0, nos Aflitos, gols de Valdeque e Oseas, e por 3x0, na Ilha do Retiro – Oseas, Zezinho e Valdeque.

Os dois jogos foram arbitrados por Belgrano dos Santos, da Federação Metropolitana de Desportos (FMD), hoje, Federação Carioca de Futebol (FCF).


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