Quem se lembra do zagueiro Hugo,
que aparece na foto abaixo, da equipe do Ferroviário recifense dos anos setenta? Vi
Hugo surgir na zaga do juvenil do Náutico. Chegou a jogar em cima, mas com o
tempo, resolveu se dedicar aos estudos, mesmo porque não era mole a batalha
para se firmar, como continua sendo.
Já estava cursando educação
física quando o técnico Nelson Lucena, do Ferrim, que era também oficial da
PMPE, foi à sua casa convidá-lo para defender o time que já pertenceu à Rede
Ferroviária do Nordeste. E lá se foi o mais tarde preparador físico e treinador
Hugo Benjamim calçar as chuteiras novamente. Isso depois que Nelson prontificou-se a
apanhá-lo em casa todos os dias.
– Mostrei ao coronel Nelson
que teria dificuldades por morar na Torre e o Ferroviário treinar para os lados
da Mustardinha (na realidade na Vila Ipiranga, região de Afogados). Ele disse
que, residindo no Cordeiro, a Torre era seu caminho. Como chegava e saía do
clube no seu carro, a turma, na gozação, dizia que eu era “peixinho” dele –
conta Hugo.
Hugo era filho de uma figura
de destaque em Pernambuco, o coronel Milton Benjamim, durante muitos anos
presidente do CRD (Conselho Regional de Desportos), órgão que em cada Estado
representava o CND (Conselho Regional de Desportos). Este tinha a função de
regulamentar a prática esportiva no País.
– Meu pai dava o visto nas carteiras de
identificação dos jogadores e eu fiquei emocionado quando ele deu o visto na
minha – conta o ex-zagueiro.
TORNEIO INCENTIVO
Não existia divisão de
acesso no futebol pernambucano. Em certa época foi criado o Torneio Incentivo,
reunindo equipes que se sentiam capacitadas a entrar na Primeira Divisão. Pois,
em 1971, o Ferroviário de Nelson Lucena ganhou a competição e chegou lá.
A formação do Ferroviário
que acompanha este texto é daquele tempo e tem: Carlos, Clovis, Hugo, Flório,
Dito e Zé Carlos (em pé); Agápito, Tico, Fernando Camutanga, Mário e Vavá (agachados).
Tico, que também foi do
Náutico, morreu há poucos meses no Cabo de Santo Agostinho, cuja liga
desportiva presidia.
Fernando Camutanga hoje é
procurador, tendo passado pelo Santa Cruz e pelo Sport antes de pegar a linha
do trem.
NÚMERO CABALÍSTICO
Quanto a Hugo, amante do futebol,
do frevo – gostava de sair no Carnaval fantasiado de índio – de uma boa
batucada, de um forró, de uma loura suada, sempre presente numa roda de papo
com os amigos, chegou a exercer as funções de preparador e de treinador em
clubes importantes, como o Náutico, o Sport, o Botafogo paraibano, além de outros
menos cotados.
Em 2001, quando o Sport era
presidido por Luciano Bivar e tentava sagrar-se hexacampeão para igualar o
feito do Náutico nos anos 60, o técnico Levir Culpi foi dispensado, depois de
uma derrota de 1 x 0 para o Central. Não foi só por isso, é claro. A verdade é
que o time não vinha bem.
Hugo quase cai de costas
quando foi convidado a comparecer ao escritório do presidente leonino para
acertar um contrato como novo treinador do Leão.
A mesma reação ele teve tempos
depois ao ser avisado de que não era mais o técnico do Sport.
Curiosamente, a exemplo do
que havia acontecido com Levir Culpi, Hugo recebeu o ‘bilhete azul’ depois de
uma partida contra o Central. Só que o resultado fora diferente daquele que
fizera Levir dançar. O Leão tinha aplicado uma ululante goleada de 7 x 1 na Patativa.
Assim, duas vitórias, dois empates e uma derrota depois de sua chegada ao
posto, Hugo Benjamim foi mandado procurar ‘uma lavagem de roupa”.
Talvez alguém tenha
acreditado que Hugo Benjamim estivesse blefando na goleada sobre o Central, uma
vez que, segundo a sabedoria popular, “sete é a conta do mentiroso”.
Ao despedido Hugo Benjamim
restou o papel de testemunha a distância do restante do Campeonato
Pernambucano, em que o Náutico sagrou-se campeão do seu centenário e evitou o
hexa leonino.
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