O Fluminense de Feira era uma farsa



O veterano jornalista Amaury Veloso conta no seu blog uma história sobre um time improvisado, formado por um empresário de futebol, no qual o atacante Henrique, irmão de Ricardo Rocha, estava incluído. Henrique, vítima de infarto fulminante, está sendo enterrado nesta quarta-feira em Maraial, Zona da Mata de Pernambuco.

"O conheci na divisão de base do Sport quando Ricardo Rocha, seu irmão, já era o craque do Santa Cruz. Jogava de atacante, chegou a jogar algumas partidas no time titular leonino. Depois passou pelo América e andou por outros clubes. Quando havia encontro entre nós, ele fazia uma festa.

E um fato passado chegou em minha mente. Certo dia fui convidado pelo ex-presidente do ICASA e ex-diretor do América. O empresário Nivaldo Elói que tinha uma sapataria na Rua do Livramento e genitor do treinador Ney Elói, para um almoço no restaurante Leite, de propriedade do português Armênio, na Praça Joaquim Nabuco.

Ao chegar ao local, encontrei mais de 15 atletas, entre eles Henrique, que ao me ver, foi até na mesa onde estava com Nivaldo.
Amaury, testemunha ocular da história


Perguntei por que tantos jogadores no local, entre eles o hoje pastor Carvalho.
Era um esquema montado pelo ex-empresário e hoje falecido Robério Lopes. Ele formou um time "fantasma" para realizar uma temporada em Portugal e Espanha. O atleta, desempregado, entrou na barca.

Só que em Portugal se aguardava a presença do Fluminense de Feira de Santana.

Robério já havia aprontado uma, comigo. E pedi a Henrique para ele me entregar a relação da delegação que iria viajar dia seguinte. E ele veio com a relação, e o papel ela uma xerox com o nome do Fluminense de Feira.

Após o almoço, fui para a redação do jornal. Telefonei para a direção do clube baiano. E seu presidente negou a ida do Fluminense, que dia seguinte iria jogar pelo certame da Boa Terra.

Fiz uma matéria citando o time fantasma. E a delegação partiu para a terra de Pedro Álvares Cabral. Denunciei a farsa e até o cônsul português me ligou arretado com o responsável pela safadeza. O rolo foi grande. Jogadores ficaram dormindo nos desconfortos colocados no chão em Portugal.

A Federação de Portugal denunciou o caso à FIFA, e a Federação Baiana comunicou à CBF. Depois o responsável tirou o nome de Fluminense de Feira e colocou América do Recife. Fez um amistoso e tiveram de retornar em suaves prestações ao Brasil.

O empresário arretado comigo dizendo que tinha perdido mais de 130 milhões porque tinha certos três jogos em Portugal e o mesmo número na Espanha. Henrique quando retornou, me contou os momentos de dificuldades que ele e os companheiros passaram. E quando nos encontrávamos, ele relembrava. Hoje, partiu para o mundo por um caminho de onde todos nós teremos que seguir."

(Por AMAURY VELOSO)

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