O Náutico contra os argentinos (03)





O terceiro jogo do Náutico contra um time argentino aconteceu no final do ano de 1952. Dia 29 de dezembro, um domingo. O Náutico vivia um bom momento. Era o líder do campeonato, estava invicto, caminhando firme para a conquista do seu primeiro tricampeonato.

A Federação caiu na besteira de programar uma rodada dupla, com América x Sport, jogo do campeonato, na preliminar. O Sport vinha na pior, era sua derradeira chance de se recuperar na tabela. O América, um bom time na época, venceu o jogo por 2x1, afundando ainda mais o time rubro-negro. Imagina o estado de espírito do torcedor rubro-negro, após a derrota do Leão, para ver logo a seguir o Náutico, o grande rival, no jogo principal diante dos argentinos.

O Chacarita Juniors, que estreara com derrota diante do Santa Cruz dois dias antes (1x2) começou o jogo a todo vapor e meteu logo 1x0. No início do segundo tempo, mais um gol, 2x0 para os argentinos. Era tudo que o torcedor rubro-negro queria. Vaias, toda vez que a bola chegava aos pés de um alvirrubro. Aplausos para cada jogada de efeito de um argentino.

Foi quando o treinador Palmeiras decidiu botar em campo o capitão Ivanildo, fora do jogo por se encontrar febril, possivelmente uma virose, se bem que naquele tempo ainda não se falava assim. Estava gripado, o corpo mole, não dava mesmo para jogar.

O jeito foi lançá-lo no sacrifício como estava fazendo Palmeira em última instância para salvar a sua pele e livrar o Náutico de um vexame, uma goleada que se anunciava.

Ivanildo entrou em campo no começo do segundo tempo, logo depois do segundo gol dos argentinos. E em duas jogadas deixou Ivson, depois Hélio Mota, na cara do gol.

O primeiro aos 7 minutos, logo depois que entrara em campo, era sua primeira jogada; o segundo bem mais adiante, aos 32 minutos, quando o Náutico já merecia, inclusive, estar ganhando.

Mas o empate ficou de bom tamanho, empate com sabor de vitória.

No dia seguinte e nos que se seguiram, o que não faltou nos jornais foi artigo enaltecendo o feito do Náutico e caindo de pau em cima da torcida rubro-negra. Que vergonha torcer por um time estrangeiro, ainda mais para um time de argentinos...

Por LUCÍDIO OLIVEIRA

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