O carnaval dos jogadores em outros tempos



Neste sábado de Zé Pereira e do Galo da Madrugada, a bola rola de norte a sul do Brasil, incluindo jogos dos pernambucanos Santa Cruz, que enfrenta o Moto Club em São Luís, às 16h, e o Salgueiro, que recebe o ABC às 18h30, pela Copa do Nordeste.

Os tempos são outros, é verdade. Antigamente, no sábado de Zé Pereira, jogadores do Náutico, Santa Cruz,  Sport, América e Ferroviário faziam um treino pela manhã, recebiam recomendações do técnico o do médico para evitar excessos, apelo que geralmente não era atendido, e ficavam liberados, voltando à atividade na Quarta-Feira de Cinzas, geralmente à tarde.

O carnaval dos clubes era animsdíssimo


Antes de ganhar o olho da rua e da frevança, a boleirada recebia convites para si e para os familiares poderem comparecer aos bailes que seu clube oferecia diariamente, com direito às festas para a meninada. Petizada à parte, o Sport tinha uma manhã de sol que atraía gente de todas as cores e se constituía numa das atrações do Carnaval de Clubes, já que a liberalidade, bem menos do agora, corria solta. A antiga quadra coberta da Ilha tornava-se um território neutro e era comum serem encontrados jogadores de outros clubes, tomando todas e fazendo o passo com a turma da casa.

FREVANDO COM O INIMIGO

o carnaval de 1958, às vésperas da decisão do Campeonato Pernambucano de 1957, o centromédio Aldemar, apelidado de O Príncipe, devido à fineza com que se portava dentro e fora de campo, e o ponta-direita Lanzoninho esnobaram o Santa Cruz, onde jogavam, cujos bailes não eram esses balaios todos. Brincaram o Carnaval no Náutico. Foi o bastante para que se espalhasse o boato boca a boca de que estavam no ‘mondé’. Ou seja, tinham sido subornados pelo Timbu. 

Pura, aliás, impura maledicência. Seriam tão ingênuos para se expor daquela maneira se estivessem procedendo ilicitamente. É que o Náutico ainda era o aristocrático e suas festas atraíam a chamada fina flor da sociedade. E Aldemar estava sempre na lista dos dez mais elegantes do Recife, no tempo em que se fazia tal escolha. Ali, portanto, era seu lugar.

Aldemar, O Príncice


Os dois se esbaldaram no salão da tradicional sede da Av. Conselheiro Rosa e Silva e no gramado da Ilha do Retiro, onde o Santa derrotou o Náutico por 3x1 tirando o adversário do páreo, pois o time dos Aflitos havia empatado com o Sport por 1x1. Naquele sensacional Clássico das Emoções, os três gols do Tricolor foram assinalados por Lanzoninho. Tendo sido  comprado ao São Paulo por 500 mil cruzeiros, um dinheirão,

 Lanzoninho recebera a promessa do presidente Odívio Duarte de que o Santa lhe daria passe livre se fosse supercampeão, o que aconteceu depois, com uma vitória de 3x2 sobre o Sport. Foi a resposta dada pelo paranaense de Curitiba João Lanzoni Neto, falecido aos 84 anos de idade, em 13/09/2014, em Paranaguá/PR.  


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