"Zé Bruta" numa visita veloz como um raio


– Manga esteve por aqui. Foi muito rápido, passou apenas uma noite. Nem pude vê-lo.
Quem me dá a informação é o empresário de materiais gráficos Geraldo Figueiroa, meu amigo de infância em tempos já longínquos, na Vila do Pará, município de Santa Cruz do Capibaribe, cidade onde nasci.

Comercialmente instalado no central bairro dos Coelhos, desde o início de suas atividades comerciais, ainda muito jovem, Geraldo viu o despontar do goleiro Manga, que jogava no Arco Íris, onde ele também bateu uma bolinha.



O Arco Íris fazia muito sucesso no chamado futebol suburbano. Manga logo passou a ser a atração da equipe, tanto pela agilidade, como pela segurança com que se atirava à bola. Sua fama chegou à Ilha do Retiro. Não tardou muito, o goleiro dos Coelhos foi cooptado pelo Sport. Sagrou-se campeão juvenil sem deixar o Leão levar um gol e, praticamente não esquentou lugar. Foi brilhar no Botafogo e alhures.

Por causa do jeito nada cortês e pela sisudez que carregava nas faces estragadas, recebeu da molecada com a qual convivia, o apelido de Zé Bruta. Este era um personagem interpretado pelo comediante Cesar Brasil, no programa humorístico Beco sem Saída, da Rádio Clube. Pelo nome, dá para avaliar o tipo da figura que Cesar representava.
Só que ninguém tinha coragem de tratar Manga, como Zé Bruta, cara a cara.

– Ficavam numa turma, esperavam que eu passasse e gritavam Zé Bruta. Bastava eu dar meia volta, fazendo que ia pegá-los, que corria todo o mundo, não ficava um – recordava Manga, entre risos de velhos conhecidos na sua rápida estada na capital pernambucana. Veio reencontrar um filho que não via havia cerca de 40 anos, segundo meu informante.
Já passado dos oitenta anos, Manga ainda exerce a atividade de treinador de goleiros no Equador, onde vive há muitos anos.

LENIVALDO ARAGÃO


Comentários

  1. Sempre ouvi e ouço estórias de Manga, já que meu pai jogou com ele no Sport, vira e mexe, vem a tona.Tive a honra de conhece lo, quando criança, numa viagem ao RJ.Foi aquela festa o reencontro, ele no auge da forma, campeão brasileiro pelo Inter, mostrando que a amizade ainda era muito viva. Fiquei assombrado pela figura desse astro do futebol brasileiro, todo grandão e aquelas mãos com dedos tortos e quebrados, me fez aflorar o medo. Tem alguns casos que meu pai conta no tempo de jogador, onde, destaco uma, que o pai dele, seu Domingos de Arruda, mais conhecido como Boca de fogo, pq gostava de tomar a cachaça e tira gosto de pimenta, no Pina, em plena segunda feira, foi num bar que frequentava e se bateu na mesa, pedindo desculpa, de pronto aceito pelo frequentadores; daqui a pouco, bate de novo na mesa e pediu desculpa novamente, só que já alterado com as doses, vira pra os usuários da mesa atingida e pergunta assim: Sabe com quem tá falando? Domingos de Arruda, pai do goleiro Manga, que ontem fechou o gol no clássico contra o Santa Cruz. Resultado: Caiu no cacete, pois os caras eram torcedores doentes da cobra coral.

    ResponderExcluir
  2. Meu pai é o ex jogador do Sport na década de 50, Ney Andrade.

    ResponderExcluir

Postar um comentário