Alô, Alô, Saudade!



Homão fez o ponta tricolor bater corner até aprender


PAULO MORAES

Tem mais: Dirceu Paiva, Mainha e o Vera Cruz de Caruaru

Recordo aqui, um lance que ficou no folclore do futebol pernambucano. Os mais velhos como eu, lembram bem, os mais jovens vão conhecer essa passagem do ano de 1963.

Era técnico do Santa Cruz, Yustrick, o Homão, que muitos acham ser mineiro, outros pelo nome, europeu.

Ele, na verdade, nasceu em Mato Grosso. Era chamado de Homão porque era alto e forte. Era muito exigente, duro, carrancudo.

Pois bem, num domingo qualquer, o ponta-esquerda Milton bateu um escanteio, a bola foi por trás da meta adversária. E o que fez Yustrick?

No Santa Cruz, o temido técnico Yustrick deu um castigo a Milton


No primeiro treino, o comandante do time tricolor (naquela época não se chamava de professor como hoje é comum) fez com que Milton, hoje, com 77 anos, e morador de Olinda, cobrasse o escanteio muitas e muitas vezes, acho que foram 100 repetições.

Milton diz que foram 50, número que bate com o registro de Lenivaldo num dos seus livros, o Comigo ou sem Migo. É, 100 pode ser um exagero do treinador, 50 também. Depois desse castigo, se o ponta errou escanteios nos jogos seguintes, ninguém se lembra.

Agora, relato um encontro de alguns dias atrás, numa padaria de Olinda, entre Dirceu Paiva, com 88 anos de idade, e Mainha com 83, o ponta-esquerda do tricolor campeão de 1959.

Foi uma conversa inesquecível. Na troca de fatos daquele ano ou época, Mainha relembra a equipe na qual vestia a camisa 11: Valter; Geroldo e Nagel; Biu, Clóvis e Dodô ; Tião, Hamilton (o maranhense e não o baiano de 1953), Jandir, Moacir e ele, Mainha.

Uma formação do Santa na época de Mainha. Em pé, Geroldo, Agostinho, Nagel, Carvalho, Genaro e Dodô; agachados, Gildo II, Gildo I, Moacir, Hamilton e Mainha


No jogo final. o Santa empatou com o Náutico por zero a zero, após empate por um a um e vitória por dois a um (a decisão foi disputada numa melhor de três).

Dirceu conta que a camisa que Mainha vestiu no jogo decisivo, é uma das mais veneradas pelos visitantes à sala de troféus. E convida o ex-jogador a passear pelo local da memória do clube centenário. E diz também que Mainha era bom de bola e chutava forte. 

Em tempo: como nós, eu e Dirceu, Mainha é tricolor, embora tenha jogado antes no Sport.

Falo agora de outro tricolor, o da antiga rua Preta em Caruaru, cidade que fez 162 anos nesse 18 de maio de  2019.

Pois bem, o Vera Cruz que não existe mais há bom tempo, foi o campeão de 1957, o ano do centenário da princezinha do Agreste.

O jogo final, salvo engano, foi um a zero para o Vera Cruz diante do Central. Muita gente diz que foi dois a um.




A partida foi realizada no Estádio Antônio Inácio de Souza, de propriedade do próprio Vera Cruz.

Obs.: o campo da Rua Preta, diferentemente do que é hoje, não tinha gramado. O piso era de barro batido.

Depois da decisão, os jogadores subiram o Monte de Bom Jesus, um dos monumentos da cidade, para pagar promessa e agradecer pelo título conquistado.

Bons tempos, bons tempos de uma saudosa Caruaru.


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