Que
notícia mais troncha!
LENIVALDO ARAGÃO
Eu
poderia até usar o título “Foi sem ter sido”, de um dos capítulos do meu livro No Pé da Conversa, que caía inteirinho
sobre este texto. É que na sua edição de 18 de outubro de 1924, o tradicional
jornal A Tarde, de Salvador, noticiava
que o América ao derrotar o Sport por 4 x 0 havia se sagrado campeão
pernambucano.
Como
naquele tempo, a comunicação era devagar, quase parando, só meses depois é que
se soube, no Recife, da notícia divulgada pelo jornal baiano, o que mereceu um
veemente e merecido desmentido do pernambucano A Província, no dia 13 de janeiro de 1925. Vamos à matéria d’ A Província, respeitando-se a grafia da
época:
“Só
agora por nos ter enviado um amigo, chegou às nossas mãos o número da Tarde, da Bahia, de 18 de outubro
trazendo com o título “O América é o campeão de Pernambuco”, o seguinte:
“Lemos nos jornaes de Recife que tem sido
motivo de comentários nas rodas desportivas o facto de haver o clube América
vencido pelo score de 4 a
0 o Sport Club fazendo-se dessa maneira campeão pernambucano de 1924, ‘logar
esse que nunca alcançara’. É para lastimar que o velho órgão bahiano labute em
tão grave erro.
Realmente,
o América venceu o glorioso rubro-negro por 4 x 0, mas essa vitória não o
tornou campeão pernambucano de 1924, logar esse conquistado brilhantemente pelo
Sport Club do Recife em todos os três quadros, cousa virgem nos annaes
desportivos do paiz.
Sport, o campeão de 1924. O primeiro sentado, na fila do meio, braços cruzados, é o ex-presidente (1919/20) Arnaldo da Silva Loyo O penúltimo, gravata borboleta, de bigode, é Roberto Rebelo |
Ainda
quando diz o collega da Tarde de
nunca ter o América alcançado esse título labutou com lamentável erro, pois
esse grêmio pernambucano, que é uma das nossas verdadeiras glórias desportivas
tem em sua bagagem quatro campeonatos nos primeiros quadros. A grande revelação
feita pela Tarde foi uma novidade
para nós...”
ÚNICA DERROTA
Na
verdade, o Sport caminhava para sagrar-se bicampeão pernambucano, com a marca de
invicto, em 1924. Pouco antes de levantar a taça teve sua invencibilidade quebrada
pelo Campeão do Centenário ao ser derrotado por 4 x 0.
O
jogo realizou-se em 5 de outubro, tendo sido os gols assinalados por Harry (2)
e Lapinha (2). Local, Avenida Malaquias, com arbitragem de Júlio Cavalcanti. SPORT: Jucá; Alarcon e Pedro Sá;
Ademar, Jack e Matias; Whitam, Brotherood, Péricles, Benedito e Aluízio. AMÉRICA: Nozinho; Moreira e Rômulo;
Zizi, Lindolfo e Faustino; Lapinha, Casado, Zé Tasso, Harry e Matuto.
Uma
semana depois, o Leão reabilitou-se ao vencer o Náutico pelo mesmo placar, e em
21 de setembro, jogando novamente no seu campo, na Avenida Malaquias, levantou
a taça, aplicando uma derrota de 4 x 1 no Santa Cruz. Os gols foram de Péricles
(2), Clapshoe (2) e Castro, este para o Santa. O juiz foi João Moreira, um dos
irmãos Moreira, do América. Os outros eram Rubem e Zezé.
O
Sport sagrou-se campeão, com Jucá; Brotherood e Alarcon; Ademar, Jack e Matias;
Aluízio, Clapshoe, Péricles, Pega-Pinto e Witham. O Santa Cruz, vice-campeão,
alinhou Alberto; Bebé e Juqinha; Tancredo, Manuel Pedro e Júlio; Dubeux, J. Sá,
Zilo, Castro e Bulhões.
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