Alô, Alô, Saudade



PAULO MORAES


A pipocada do locutor que vos fala


No meu Alô, Alô, Saudade, relembro um fato curioso que adiou o início da minha carreira profissional, e que foi narrado para a Revista dos Esportes de julho/agosto de 2005, editada pelo saudoso amigo Josa Macedo. Vamos nós, então:

O celular toca. Do outro lado, uma voz: “A minha crônica, Paulo Moraes”. Era Josa Macedo, companheiro de velhas datas. Eu havia prometido algumas linhas para o novo número da revista.
“Josa, que tal relembrar um dia qualquer do ano de 1964?”

Josa Macedo e Paulo Moraes


Era um sábado de chuva. Eu, chegado havia pouco tempo, de Caruaru. Recife era o novo abrigo para este moço, então com 19 anos. Josa era setorista do Santa Cruz para a Rádio Capibaribe, e o conheci num treino no Alçapão do Arruda, como chamavam o campinho tricolor, que tinha arquibancada de madeira.
 Velhos, velhos tempos. Tímido, me apresentei como irmão de Lenivaldo (Moraes) Aragão, cobra criada e repórter já consagrado do Diário de Pernambuco.
O matuto de Caruaru, nascido em Santa Cruz do Capibaribe, desempregado e com um só desejo: o de trabalhar em rádio. Sonhava em ser um Vicente Lemos, um Antônio Menezes, um Luís Cavalcante ou quem sabe? um Fiori Gigliotti, da Rádio Pan-americana, hoje Jovempan, de São Paulo. Eram meus preferidos na narração esportiva. 
Em tempo, nunca narrei nem futebol de botão, amigos!
           E Josa arremata: “Quer fazer um teste na Rádio Capibaribe?”
Era chefe da equipe o saudoso César Brasil, pai do repórter Pedro Luiz, que foi da Rádio Olinda, e que hoje passeia passeia pelos microfones da Rádio Clube. Convite aceito, enfrentei as teclas da velha máquina de escrever, não se sei se Remington ou Olivetti.
           Lia muito, muito, ouvia esporte, e inventava de ensaiar algumas linhas como estas. Mesmo que nervoso, não é que deu certo?
           Pronto, seria o começo da carreira de cronista esportivo. Não, não foi. O medo e a timidez barraram a minha estreia naquilo que tanto queria. Escalado por César Brasil, iria substituir já na segunda-feira, à noite, o repórter Herbert Drumond, que estava com hepatite, na cobertura do Sport. 
            No domingo à noite, inventei que iria passar o São João em Caruaru e, por telefone, desisti do convite. Pipoquei, como se diz na gíria do futebol.
 Mas, agora (me refiro a 2005), já como editor de Esportes da Rede Globo Nordeste, não havia como rejeitar o convite do amigo Josa (que ele esteja em bom lugar junto com Deus).
 Histórias, histórias, num cantinho qualquer do meu alô, alô saudade!
            Estaremos sempre juntos.

            OBS: um recadinho para meu querido amigo Manoel Galdino, companheiro de tantos e tantos bons momentos na vida. Ele citou as peladas no campo do Seminário da Várzea, no Recife. Verdade, Mané. Sempre aos domingos, ao lado de José, acho que de Antônio, seus irmãos, e de outros como o seu primo Bartô, que virou cinegrafista e dons bons, na Rede Globo, em São Paulo.
Não há como esquecer também os rachas nas férias lá no Algodão, terra abençoada por seu Leó, o seu pai querido. O Algodão, apesar de pertencer a Taquaritinga do Norte, é bem próximo de nossa querida Santa Cruz do Capibaribe.
           E vai também um alô para o aposentado e antigo bancário e radialista Carlos Ivan, leitor assíduo destas linhas que gostam de traçar o passado.
Até, a todos. Logo voltaremos com outros assuntos.


Comentários

  1. Claro que gostei desse seu artigo. Afinal de contas nunca escondi que sou seu fã. Gostei também -- e muito -- da última frase do seu artigo. "Logo voltaremos com outro assunto".

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  2. Paulo Moraes - você é maravilhoso. O melhor entre todos. Sou seu admirador de carteirinha.

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  3. Paulo Moraes - você é maravilhoso. O melhor entre todos. Sou seu admirador de carteirinha.

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