Mainha, bom de bola e bom de frevo



O ponta-esquerda Mainha era o que se pode chamar de malabarista. Emérito driblador, jogava no tempo em que o ponta obrigatoriamente ia até a linha de fundo. Ricardo Magalhães, um de seus treinadores no Santa Cruz, chamava-o de bailarino, dada a facilidade que tinha de driblar seus marcadores.

Mainha pertencia à geração do Sport, do time que em 1954 sagrou-se campeão juvenil sem levar gol. O célebre Manga, hoje vivendo no Equador, era o goleiro.

Juvenil do Sport,  nos Aflitos, em 1953. Em pé, Renildo, Chico, China, Geca, Fernandinho e Marcelino; agachados, Leo, Geraldo, Maurício, Chableu e Mainha 


Naquele ano mesmo, depois de ter passado pelo aspirante, Mainha foi promovido ao elenco principal. Uma das formações do Rubro-Negro, com ele: Carijó, Bria e Djalma; Zé Maria II, Wilson e Itamar; Geo, Claudinho, Hélio Miranda, Celly e Mainha.

Depois de vários anos no Leão, em 1959, o olindense já estava no Santa Cruz. Pedrinho, Gaspar e Sidney; Biu, Carvalho e Ilzo; Zé de Melo, Sílvio, Humaitá, Moacir e Mainha. Este o time tricolor na vitória sobre o Íbis por 2 x 1 em 21/06/59. Nesse jogo, os zagueiros Zildo, do Íbis, e Sidney, do Santa, marcaram contra. O outro gol foi de Humaitá.

No vestiário, Mainha, à paisana, com Clóvis (E) e Dodô. O escudo do Santa é igual ao do São Paulo. 


Em 25 de fevereiro de 1962, agora defendendo o Náutico, formava na equipe dos Aflitos num amistoso com o Íbis, na Ilha do Retiro, na fase de preparação para o Campeonato Pernambucano. O técnico era o argentino Alfredo Gonzalez, e 2.034 torcedores alvirrubros compareceram ao estádio rubro-negro. Jogo dirigido por Argemiro Félix de Sena, o famoso Sherlock.

Vitória do Náutico por 2 x 0, tendo sido um gol marcado pelo centroavante Manuel e o outro por um zagueiro, contra. O Náutico alinhou Waldemar; Nancildo, Givaldo, Betinho (o mais tarde prefeito de Jaboatão dos Guararapes Humberto Barradas) e Hélmiton; Gilson e Zé Maria; Tião, Bita, Manuel e Mainha (Ratinho). Nos Aflitos passou pouco tempo.

FREVO NA SELEÇÃO CACARECO
Mainha ainda defendia o Santa Cruz, quando no início de 1960, o técnico Gentil Cardoso convocou-o para a chamada Seleção Cacareco. Esta acabara de regressar do Equador, onde havia representado o Brasil no Campeonato Sul-Americano Extra, realizado em dezembro de 1959. E foi logo entrando no Campeonato Brasileiro de Seleções. Pernambuco foi vice-campeão, tendo obtido a melhor colocação da história naquele certame.

No dia 27 de janeiro, na Ilha do Retiro, Pernambuco derrotava o Rio de Janeiro, com esta formação: Waldemar; Geroldo, Edson e Givaldo; Zé Maria e Clóvis; Traçaia, Paulo, Elias, Geraldo e Mainha.

Numa viagem a Juiz de Fora-MG, cuja seleção representou o futebol mineiro, a delegação foi homenageada pela Rádio Sociedade, local, num programa de auditório, Em se tratando de pernambucanos, a orquestra executou vários estridentes frevos-de-rua. Alguém tinha que fazer uma demonstração aos mineiros de como se faz o passo. Emérito passista, com o frevo correndo nas veias, Mainha, que participou dos primeiros quatro desfiles das Virgens de Olinda, foi para o palco e mostrou suas aptidões. Saiu do palco sob estrondosos aplausos.

Hoje, o ex-craque curte merecida aposentadoria em Olinda. Se encontrar com quem, não se recusa a participar de uma conversa sobre futebol, principalmente se o assunto é o Santa Cruz, o clube de seu coração.

Em Juiz de Fora, ensinando mineiro a fazer o passe, observado por Walter, Moacir e Waldemar (E), Geraldo e o jornalista Aramis Trindade (D).(Foto de Murilo Guedes)





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