LENIVALDO
ARAGÃO
No seu livro “Futebol Cearense – Presepadas no Mundo da
Bola”, o jornalista Adalberto Damasceno conta está história, que tem como um dos principais personagens Alexandre, considerado até hoje o maior zagueiro do Ceará Sporting
em todos os tempos:
Final dos anos 50, início de 60, o Ceará, que tinha um time de
‘cobras’, um dos quais era Alexandre, estava em Aracati, onde o alvinegro,
aproveitando uma folga no campeonato, acertou uma apresentação de seu time
principal.
Alexandre (com o círculo), entre William e o goleiro Harry Carey, pernambucano de Águas Belas (Internet) |
Antes do jogo, aquelas baboseiras naturais de uma partida
assim, paparicados, coisa e tal.
A turma alvinegra era uma turma esperta, raposas velhas,
como se diz na gíria da bola.
Os times armados para a saída do jogo, e William se
aproxima do capitão Alexandre e lhe diz:
“Velho, eles estão só com dez. Eu já contei umas cinco
vezes e só tem dez mesmo. Eles esqueceram de botar mais um.”
Começando a partida, ataques de parte a parte, claro que
a maior parte deles em favor do visitante, quando acontece um escanteio a favor
do Aracati. A defesa do Ceará se posiciona, marca os adversários, quando lá vem
o cruzamento.
Sem sacanagem nenhuma: do meio da torcida que estava
atrás do gol, sai um rapaz uniformizado de time da casa, sobe e marca de
cabeça, gol deles.
“Não pode. O cara estava fora de campo, sem jogar, sem
nada, entra em campo e faz o gol. Isso é absurdo.”
E o capitão deles:
“Sossega, Alexandre, é assim mesmo. É que o pai dele não
quer que ele jogue bola, e por isso, ele joga assim: do lado de fora, e só
entra nas cobranças de faltas e escanteios.”
“Mas tá errado, isso não está na regra, não é permitido
não, é absurdo.”
“Absurdo nada. É legal. Vocês não acharam bom, quando a
gente entrou em campo, só com dez? Agora, tu imagina se esse menino pudesse
ficar em campo direto, jogando o tempo todo, quanto não estava esse jogo.”
Gol validado, Aracati 1x0.
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