Toco, Travo e Canela


LENIVALDO ARAGÃO 


A ‘democrática’ escolha do juiz por Rubem Moreira


Em décadas passadas, em Pernambuco, o processo de indicação dos árbitros para os jogos, tinha a interferência direta dos clubes. Se os dois times concordassem com determinado nome, o Departamento de Árbitros o escalava, Assim, o juiz era escolhido de comum acordo, como a imprensa anunciava. Podia ser daqui ou de outro Estado. Havia casos em que os dirigentes não afinavam, restando à entidade escolher três nomes que participariam de um sorteio meia hora antes do jogo, no estádio, na frente do povão. Dois podiam até ser apontados pelos clubes, cada um optando por determinado árbitro. A Federação entrava com o terceiro. A dupla que sobrasse do sorteio, trabalharia de bandeirinha. Diferentemente dos tempos atuais, todos apitavam e bandeiravam.


Rubem e sua cara fechada (Blog Fernando Machado)


            Certa vez, Náutico e Íbis iriam se enfrentar. Como o adversário do Timbu era um pato morto, na reunião com o chefe da arbitragem, Argemiro Felix de Sena, o lendário Sherlock, o todo poderoso do futebol do Náutico e homem forte do Banorte, José Porfírio de Andrade Morais, sugeriu ao representante ibiense, Urbano Serpa Brandão que ele escolhesse quem quisesse, pois o Timbu acataria. Urbano, uma pessoa modesta, desportista por todos admirado, saiu da sua simplicidade e deu a pedra: Sebastião Rufino!
Tratava-se do melhor e mais respeitado árbitro do Estado, na época, inclusive integrando o quadro da Fifa. Porém, estava impossibilitado de apitar por causa de suas obrigações militares naquele fim de semana, ele que era oficial da PMPE.

O dirigente do Pássaro Preto fez outra indicação, optando pelo gaúcho Alfredo Bernardes Torres, também militar, mas do Exército. Como Rufino, estava impedido de atuar, uma vez que igualmente se encontraria de ‘pau’, ou seja, de serviço.

Evandro Ferreira


O presidente Rubem Moreira, democrático à sua maneira, achando que estava havendo muita demora para a escolha do trio, tomou a responsabilidade para si. Passou por cima dos três, Sherlock, Porfírio e Urbano e sentenciou:
– Vocês estão aí faz um tempão e não resolvem nada. Agora, quem vai indicar o juiz sou eu. É Evandro Ferreira.
 Fim de papo, pois todos concordaram por unanimidade, sem qualquer restrição. Mesmo porque o jogo não tinha essa importância toda!


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