Alô, Alô, Saudade






 PAULO MORAES, com fotos de José Araújo/cortesia


Uma formiguinha na festa do futsal da saudade



Recebo uma ligação telefônica do grande Pereira, no tamanho e na bola, craque do time do Náutico de futebol de salão do passado, dos anos 60 70,80. Era um timaço, com maravilhosos jogadores, como os goleiros Feu e Joaquim, e mais, muito mais, Marcelo Lopes, Trindade, João de Deus (o melhor de todos?), Seul, Pereira, Mirinda e tantos outros convidados para um encontro deles na sede do Náutico, sábado, 23 de novembro.

Aí vem a pergunta: por que me chamaram um dia e que perdura até hoje de Formiguinha de Açúcar quando, como repórter da Rádio e do Jornal do Commercio., fazia cobertura do fabuloso esquadrão do hexa, ou melhor, dos esquadrões. A história é a seguinte: juntaram-se no vestiário, antes de um treino, o goleiro Lula Monstrinho, o lateral-esquerdo Clóvis e o centroavante China Bode, eternos brincalhões e camaradas, e decidiram arrumar um apelido pra mim. Quando eu chegava ao clube, me mexia por todos os lados e falava com todos. Do lavador de carros aos jogadores, técnico, dirigentes, para tomar informações, saber das novidades. Como eu não parava um instante. Do roupeiro Araponga, do vendedor de laranja Barulho e de tanta gente, poderia sair uma boa novidade.



Foi assim que descobri em São Paulo que Rafael estava escalado no lugar do grande volante Salomão. Ele, Salomão, não havia renovado contrato e alguém me disse o segredo. Fui pra lá, fui pra cá, e confirmei, tudo verdade.

Furo no Diário de Pernambuco. Meu concorrente nessa viagem não foi o irmão Lenivaldo. Se ele estivesse lá, poderia ser que a manchete do Diário fosse igual. Não estava, felizmente. E assim nasceu o Formiguinha de Açúcar.

As formiguinhas, todos sabem, entravam no açucareiro e não paravam. E como eu não parava em busca da notícia, assim ficou. Até hoje, muitos me chamam de Formiguinha, como é o caso de Pereira. E a coisa, não é que foi parar nas sociais do Náutico? Todos, ou quase todos que frequentavam o local. 

Vou contar um fato. Num certo domingo, dia de Clássico das Emoções, eu, como repórter da Rádio Jornal, era o locutor de pista por trás da barra que fica aos fundos do Country Club. Náutico, favorito. Mas Rubem Salim, que uma vez, chamei de ídolo Barra Limpa, fez um a zero em Aloísio Linhares. Depois, o ponta-esquerda Nivaldo fez dois a zero, pra felicidade desse tricolor que nunca negou ser apaixonado por estas três cores. Mais ou menos aos quarenta minutos, decidi me posicionar na frente das sociais para realizar as habituais entrevistas de fim de jogo, quando começou a caminhar o ponta-direita paraibano Miruca, substituto de, Nado que havia ido jogar no Vasco, Cobra uma falta e Nino, de cabeça, diminui o placar. Tudo bem, pensei, mas um pouco adiante, Miruca bate uma falta, e é o empate do Náutico. Fiquei triste, claro. Quando chego junto à bandeirinha de escanteio, Miruca bate nova falta, e gol de Nino, outra vez de cabeça, gol da virada. A torcida das sociais, em peso, gritou “Formiguinha, tal e tal.” Eram palavrões e mais palavrões. Triste tarde para esse tricolor de corpo e alma. Eu era profissional, modéstia à parte, e fiz as entrevistas como verdadeiro profissional.

O apelido, repito, carrego até hoje para muitos. São coisas do futebol, como diria, se estivesse vivo, o saudoso Edvaldo Morais, plantonista da Rádio Clube na época.

Agora só mais umas linhas pra falar da festa dos mestres do futebol de salão do Náutico. Festa mil. Encontrei lá o amigão Gilberto Prado, O Betoca com quem comecei a carreira em jornal e de quem recebi muitos ensinamentos.



Pra não esquecer, fui recebido por Pereira e Roberto, jogador de futebol de campo, de “boa tarde, Formiguinha.”

E a vida continua, com o detalhe: nunca mais vi uma formiguinha no açucareiro. É que hoje só me sirvo de adoçante. Parabéns, turma do futebol de salão, campeão da Copa do Brasil nos anos 70. Abraços, amigos. Até a próxima.





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