Timbu Coroado nasceu das disputas nas antigas regatas





No domingo de carnaval, quando o Timbu Coroado percorre o seu roteiro, não mais pelas ruas do centro do Recife, mas por algumas artérias dos Aflitos, nas imediações do Clube Náutico Capibaribe, uma das músicas mais ouvidas é, certamente a que leva o nome do bloco. Trata-se de frevo-canção Timbu Coroado, originalmente um maracatu.
A música,      que virou um símbolo do Alvirrubro, foi feita em fins dos anos 30 pelos remadores Edvaldo Pessoa, pianista, Turco, também conhecido por Carioca, e Jair Raposo. A composição tinha por objetivo mexer com a turma de remo do Sport, com a qual a timbuzada digladiava-se constantemente dentro das águas, ainda não-poluídas, do Rio Capibaribe, em regatas que ficaram célebres. A música fala em acordar cedo, pois remador treina sob os primeiros raios solares.

Conta a tradição que o timbu entrou nessa história por ser um marsupial, espécie de timbu urbano que tem um certo gosto por bebidas alcoólicas, e o pessoal do remo alvirrubro, que ainda hoje possui sua garagem na Rua da Aurora, fazia grandes farras ao comemorar suas vitórias. Perto de seu reduto, na esquina da Aurora com a Rua do Lima, onde está hoje a TV Globo, havia uma fábrica da cerveja Antártica. Lá, a turma do Náutico se abastecia, saindo para a farra em plena margem do Capibaribe.
Um dia, alguém que passava, por brincadeira ou deboche, pronunciou uma frase mais ou menos assim: “Eita, bocado de timbu!”

O Timbu Coroado noi carnaval de 1942 (internet)


Algum tempo depois, num jogo na Av. Malaquias chovia torrencialmente e no intervalo em pleno campo foram servidas doses de conhaque aos jogadores, prevenindo-os contra um possível resfriado. O coro veio da arquibancada, proferido pela torcida adversária: “Timbu, timbu, timbu...” Estava chancelado o símbolo do clube, como muitos anos depois aconteceria com o urubu, do Flamengo, o porco, do Palmeiras, ou com o cacareco, da Seleção Pernambucana que representou o Brasil num Sul-Americano, hoje Copa América, em 1959. Trata-se de termos irônicos absorvidos pelos ironizados. Na música alvirrubra mexe-se com o “cazá, cazá, cazá”, grito de guerra do Sport, uma vez que o objetivo era justamente este, grear com os rivais:

O nosso bloco é mesmo infezado (sic)
É o timbu, é o timbu coroado
Desde cedinho já está acordado
É o timbu, é o timbu coroado
II 
Entre no passo,
Que esse passo é de amargar
Pois a turma é mesmo boa
E no frevo quer entrar
Não queira bancar o tatu
Eu conheço seu jeito, você é timbu
 III
Este negócio de casá, casá, casá
É conversa pra maluco
Ninguém quer se amarrar
Timbu sabe isso de cor
Casar pode ser bom
Não casar é melhor
O bloco nos dias atuais (internet)




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