Por LUCÍDIO OLIVEIRA
Foto do time
do Botafogo de 1940. Tirada das páginas de O
Globo Sportivo, é de 9 de setembro daquele ano. De um jogo em São Januário,
do Glorioso contra o Fluminense, que seria o campeão da temporada. Neste 2020
que estamos atravessando, completará 80 anos! Muito tem para lembrar, a foto
histórica. E está sendo por mim divulgada por uma razão simples. Um momento de
boa recordação. Nela encontra-se, o primeiro da esquerda para a direita, alto,
vistoso, impávido colosso, o zagueiro central Célio Araraquara, do time campeão
do Náutico no ano anterior, em 1939.
Célio tinha o apelido de Araraquara porque era paulista da cidade do mesmo nome. O Náutico teve ele emprestado pelo Botafogo e, encerrado o ano, não conseguiu renovar o empréstimo. Somente dois anos depois, em 1942, estava Célio de volta, agora em caráter definitivo, atleta profissional do Náutico. Outra vez campeão nos Aflitos, em 1945, encerrou a carreira em 1948, nos derradeiros jogos compondo a dupla de zaga com Sidinho. Jogou algumas partidas também tendo ao lado Ivanildo Espingardinha.
Lembrar Célio Araraquara para mim é uma satisfação. Tive o prazer de sua
amizade. Conheci o ex-jogador na sede do Náutico, em uma dessas solenidades,
bem mais frequentes naquela época, promovidas pelo clube reunindo seus sócios e
onde estavam presentes um ou mais ex-craques do passado. Jogadores que tinham
ligado sua vida ao clube de modo indissociável. Um pouco do que restava dos
bons tempos do amadorismo.
Morando na Madalena nos anos 80, bairro onde também ficava minha residência, passamos a nos encontrar com uma certa assiduidade. Encontros ocasionais, no mercado, em farmácias, no trânsito. Quando possível, rolava um bom papo sobre futebol, quase sempre futebol do passado. Era casado com pernambucana de família tradicional, Vieira da Cunha, não tiveram filhos. Um dos tantos paulistas que vieram jogar no Náutico, foi campeão, tomou gosto e se fez pernambucano, por aqui ficou. Como aconteceria mais adiante com Ivan Brondi e com João Augusto Beliato. Campeões alvirrubros e pernambucanos por adoção.
Mas a foto
tem muito mais coisas para lembrar. É um registro histórico valioso por reunir
em um só momento, no dia de um jogo, muita gente famosa. Vejamos:
Ao lado de
Célio, logo em sequência, está Zezé Procópio. Médio-direito da mitológica Seleção
Brasileira, a de Leônidas e de Domingos. A seleção que disputou o mundial de
1938. Embaixo, na ala-esquerda do ataque, também do mundial da França, Perácio
e Patesko.
Não para aí.
Na linha de defesa, em pé, estão o goleiro Aimoré e – ao seu lado esquerdo – o
irmão Zezé Moreira, futuros treinadores da Seleção. O primeiro, campeão do
mundo no Chile em 1962; o outro, campeão do primeiro título internacional do
Brasil, o Panamericano, também no Chile, no mesmo estádio, dez anos antes, em
52.
E, de quebra, ainda não
famoso porque no ano da estreia, por isso mesmo na meia direita, sem direito
ainda à posição de centerfoward, o
genial Heleno de Freitas. Aquele que iria dar muito o que falar. Pelo estilo de
jogo, pelo futebol que jogou, pelos gols que fez e por seu temperamento. Gênio,
um craque, mas totalmente pirado. Depois se soube, um doente mental.
Vi jogar, aqui no Recife
pelo Vasco da Gama em 1949, na Ilha do Retiro. Fiquei deslumbrado. Futebol de
alto nível e beleza. Como é bom de se ver.
Tive a honra de conhecer os dois irmãos Moreira. Seu Zezé, foi uma das pessoas mais educada que conheci no futebol. Seu Aimoré, contava muitas estórias é dava muitas risadas.
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