Sport, o primeiro bicampeão pernambucano

En 1917, invicto e bicampeão




Em 1916, na segunda edição do Campeonato Pernambucano, o Sport apoderou-se da hegemonia do futebol do Estado, que estava nas mãos do Flamengo, o primeiro campeão. Vencedor do campeonato de 1916, o Rubro-Negro ao chegar o certame de 1917 surgia como um dos favoritos à conquista do título. Buscaria a obtenção do primeiro bicampeonato na Terra dos Altos Coqueiros.

Era a terceira edição do certame, e o clube fundado por Guilherme Aquino parecia ter tomado gosto na parada. Além disso, a disputa começava a entrar na preferência do recifense, até, então, voltado para as regatas e corridas de cavalos. O público nos jogos decisivos variava entre três e quatro mil espectadores, o que era considerado muito bom, levando-se em conta que o futebol ainda engatinhava nestas plagas.

AFLITOS, UMA NOVIDADE
Em 1917, uma novidade. Os jogos já não foram realizados no British Club, mas nos Aflitos, num campo pertencente ao industrial Frederico Lundgren, fundador das Lojas Paulistas e Casas Pernambucanas. O campo foi por ele alugado à Liga Sportiva Pernambucana.

O campeonato tinha os mesmos integrantes do ano anterior. Mais uma vez, os clubes foram divididos em dois grupos. O A repetia os integrantes de 1916 – América, Flamengo, Peres, Santa Cruz e Torre –, o mesmo acontecendo com o B, que tinha Casa Forte, Náutico, Paulista e Sport. O Paulista, que formava no Grupo B, participou apenas do primeiro turno, tendo desistido de disputar o segundo turno porque estava mergulhado numa crise financeira.

O Santa Cruz levantou o Grupo A, invictamente, e o Sport ganhou o B, também sem sofrer derrota. Os dois disputaram o título de campeão do ano numa partida extra. Deu Sport, que se sagrou o primeiro bicampeão do futebol pernambucano, com a particularidade de no segundo ano de sua dupla conquista ter sido campeão invicto.
            Os resultados do campeão ao longo da sua vitoriosa jornada foram:
            08 de abril                                         Sport 4 x 1 Paulista
            20 de maio                            Sport 0 x 0 Casa Forte
            15 de julho                            Náutico 0 x 2 Sport
            28 de outubro                                  Sport 7 x 0 Casa Forte
            15 de novembro                  Sport 4 x 2 Náutico
            02 de dezembro                  Sport 3 x 1 Santa Cruz (final)

O jogo extra contra o Santa Cruz, como todos os encontros do campeonato, teve lugar nos Aflitos, o novo palco que se descortinava no futebol de Pernambuco. O árbitro foi Jorge Tasso, que jogava como goleiro no América.

O Sport venceu o Santa Cruz por 3 x 1, fazendo seus adeptos explodirem de alegria. Ao Santa Cruz cabia novamente o papel de vice-campeão.

ENXERTO E POLÊMICA
Vale salientar que o Sport, para o jogo decisivo, enxertou sua equipe, como se dizia, na época, com o zagueiro Paulino, do América carioca. Ele tinha enchido os olhos da plateia quando estivera no Recife, em 1915, com o seu América, primeiro time de fora a visitar a capital pernambucana.

A inclusão de Paulino na equipe leonina, provocou uma grande polêmica, mas a verdade é que nada havia no regulamento do certame que impedisse sua presença. Depois disso, os dirigentes procuraram estabelecer medidas, obrigando o jogador a fixar residência no Recife, pelo menos dois meses antes de estrear.

Em meio à discussão, o Sport exibia um telegrama procedente do jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, dizendo que Paulino era seu funcionário, exercendo a função de linotipista, e jamais tinha sido jogador profissional.   

SPORT 3 x 1 SANTA CRUZ
Decisão do Campeonato Pernambucano de 1917
Data: 02/12/1917
Local: Aflitos, estádio pertencente à Liga Sportiva Pernambucana
Árbitro: Jorge Tasso, jogador do América
Gols: Zé Luiz, Werneck e Batista – Sport; Pitota – Santa Cruz.

Sport (Bicampeão) Luiz Cavalcante; Briant e Paulino; Salazar, Tobias e Teague; Hogger, Werneck, Batista, William e Zé Luiz.

Santa Cruz (Vice-campeão)
Ilo Just; Mangabeira e J, Silva; J. Castro, Lacrai e Manuel Pedro; Anísio, J. Sá, Tiano, Pitota e Eurico.




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