Alô, alô, saudade!



PAULO MORAES


Betoca, exemplo de dignidade e profissionalismo 


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·       A última semana, foi de tristeza com a morte de duas pessoas queridas minhas. Primeiro, foi embora um médico conhecido dos frequentadores dos bares de Júnior e de Ana, na beira-mar do bairro de Casa Caiada, em Olinda. O animado Dr. Lins, nos deixou na quarta-feira, 3 de junho. Era ortopedista e tricolor. Estava com 62 anos, morreu de infecção generalizada  

No domingo, 7 de junho, partiu Gilberto Prado, Betoca, aos 82 anos. Um infarto, o levou para junto de Deus. Trabalhamos juntos no Jornal do Commercio, nos anos 60. Era subeditor, depois editor-chefe de Esportes, na época do líder e querido matutino de Pernambuco. Era jornalista dos bons, a ponto de mostrar seus serviços profissionais 
em jornais de Campinas-SP, São Paulo, Alagoas e Espírito Santo. No JC, foi
também colunista. Escreveu por muito tempo, a coluna ''Regra três". 




Antes de abraçar o jornalismo, foi goleiro, acho que do time juvenil do Estudante, que disputou o Campeonato Pernambucano de Futebol, nos anos 50. Não progrediu nos campos nem nas quadras do futebol de salão, onde também foi goleiro na equipe da Associação Atlética de Afogados, do tradicional bairro de Afogados, no Recife. Mas, nas quadras, foi espetacular como técnico. Brilhou em vários clubes, especialmente no Náutico, de Pereira, Joaquim, Fêu, Ranulfo, Seul, João de Deus, Marcelo Lopes, Trindade, Tonho, Mirinda, Tochó, José Neves, Calípio, Hilário, Xaxá, Ricardo Menezes, Mazureick, e tantos outros, que formaram em várias equipes alvirrubras. Foram times consagrados, que chegaram ao título estadual nove vezes seguidas e da Taça Brasil. Eram times quase imbatíveis, a maioria deles, sob o comando do Velho e inteligente Betoca.


Betoca (E) em Natal. Náutico, vice brasileiro


No prefácio do belo livro, "GERAÇÕES VITORIOSAS", escrito por Betoca, sobre os anos de ouro do futebol de salão do Náutico, de 1965 a 1987, o alvirrubro e ex-prefeito e governador de Pernambuco Gustavo Krause enalteceu as qualidades do craque no banco das quadras. Algumas considerações de Krause:

O livro de Gilberto Prado, o queridíssimo Betoca, é um precioso relato histórico de lição e exemplo para as atuais e futuras gerações de dirigentes e atletas. ''GERAÇÕES VITORIOSAS - ANOS DE OURO DO FUTEBOL DE SALÃO DO NÁUTICO": UM LIVRO que é a cara e a alma de Betoca. 

Para quem não conhece, Betoca é bom de coração e de cabeça. Em tudo, humilde; sempre generoso; sobretudo leal; competência rara porque adquirida pelo notável esforço um tanto autodidata e um tanto desconhecido porque submersa na modéstia: ele não conseguiu aprender o marketing da autopromoção..

Por isto, o livro é despretensioso, e o autor, que é grande personagem da história, se esconde na coxia dos bastidores. Despretensioso, mas ensina muito. 

"O curioso é que Betoca, um sem-diploma de poucos verões de escola, fez-se autodidata em tudo que realizou, inclusive, construindo uma admirável carreira de jornalista".

Aos leitores deste livro, vai um pedido de desculpas. Quase nada foi dito sobre o conteúdo da obra ...E se fiz questão de iluminar a figura de Betoca foi por um simples dever de justiça ao grande personagem que foi na construção de gerações vitoriosas do meu querido Náutico.

Uma das gerações vitoriosas. Natal, 1968,



Na apresentação do livro, Betoca diz:
"É uma história que conheço bem, Indo e voltando, literalmente. Por isso, atrevo-me a contá-la, mesmo reconhecendo que seus personagens merecem mais - muito mais do que o presente texto, pelo que eles fizeram, disseram...e jogaram.

"Este livro diz parte de uma odisseia onde se somam obstinação, técnica, coragem, coerência, ineditismo, personalidade, superação, e união para obter um produto final, tendo como pontos de partida e apoio um solo virtualmente fértil do glorioso Clube Náutico Capibaribe...



Uma história rica e emocionante

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Este oferecimento será guardado com carinho

Nove Campeonatos Pernambucanos seguidos (1967 a 1975), mais dois também consecutivos (1977 e 1978), e outros dois alternados (1980 e 1987), um Campeonato Brasileiro de Clubes - Taça Brasil (1976), três Vices Campeonatos Brasileiros de Clubes (1968-1969 e 1972), dois Campeonatos Brasileiros Universitários, como base da Seleção Pernambucana (1969. E 1973) dois Vice-Campeonatos Brasileiros Universitários (1970 e 1973), além de uma série de torneios amistosos pelo Brasil afora, principalmente no Nordeste.

Uma poderosa máquina de ganhar títulos, formando e ditando o destino de gerações vitoriosas em todos os sentidos".

Pereira, jogador desse glorioso Náutico, amado por todas as torcidas do futebol e salão, agora chamado de futsal, não pensa muito e diz:
– Foi, com certeza, o melhor técnico de futebol de salão de Pernambuco. Via o futebol de salão na frente de todos, foi disparadamente o melhor.

É verdade, Pereira. De Betoca, uma lembrança especial. Quando o Santa foi campeão em 1969, escrevi um texto e botei no quadro de avisos do JC. Não recordo as palavras, mas o texto foi parar na coluna dele. 

Tricolor como eu e quase toda a família dele, capitaneada pelo pai Diógenes, goleiro tricampeão pernambucano pelo Santa Cruz, nos anos trinta, e dona Alayde, a mãe que ele tanto amava, Betoca foi um exemplo.

Betoca, tua redação e  às quadras do futsal, agora são no reino do Céu. Adeus, amigo Betoca. Foste inesquecível neste mundo.







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