Bezerros x Bonito - a história de uma rivalidade

 Por Lucídio José de Oliveira, médico e escritor



Amauri, disputado por duas cidades

 A rivalidade de brasileiros e argentinos vem de longe. Deve ter sido copiada, no futebol, da rivalidade histórica nascida dos pegas entre Bonito e Bezerros nos idos dos anos 20. Os rapazes do Silvestre F. Clube, de Bonito, enfrentando os jogadores da cidade vizinha.

Conta o amigo Walter Ramalho, meu companheiro de Casa do Estudante do Derby nos anos 50, engenheiro e escritor, uma historinha interessante em um dos seus inúmeros livros publicados - Pra Não Esquecer"- , que vale a pena aqui reproduzir, na onda da quadrinha sobre o trem de Bonito, do avô de Ulisses Braga, por mim postada recentemente.

A história de Walter, contada em tom confessional, é de natureza íntima. Fala do repertório da mãe para fazer menino dormir. Não havia nenhuma exigência, qualquer melodia servia. Vez ou outra, conta Walter, ela “tauteava uma canção surgida em 1930 na cidade de Bonito – na ocasião em que lá morava –, quando o time de Bezerros fora lá jogar futebol e perdera feio”. A quadrinha dizia assim:

‘Bonito é madeira
Que cupim não rói
Bezerros em campo
É sopa pra nós’.

Mas não foi o que aconteceu mais adiante, nos anos 40, quando o time de Bonito foi a Bezerros e levou um chocolate de 9x0!

Bonito ficou se queixando que Bezerros tinha reforçado seu time com jogadores do Santa Cruz, campeão pernambucano na ocasião. Amauri e Toinho, irmãos, foram os donos do jogo, dominando a meia cancha. E o pior é que os dois irmãos, diziam, tinham nascidos em Bonito e depois é que foram pelo pai registrados como bezerrenses em cartório de lá! Traição imperdoável. Filhos desalmados!





Santa Cruz em 1955: Barbosa, Job, Lucas, Palito, Otávio, Edinho, Zequinha, Zeca, Amauri, Wassil e Jorge de Castro


Mas, mesmo assim, o vexame não se justificava...

(A história completa está contada no livro Paixão e Fidelidade, de minha autoria.)

 

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