Alô, Alô, Saudade - Paulo Moraes

 Quando o repórter entrevistava quem queria, sem o clube escalar


 

Paulo entrevistando o árbitro carioca Luiz Carlos Félix. Á direita, o paraibano José Araújo


Demoramos, mas estamos com uma coluna nova. E claro, claro com muita saudade de quem nos lê. E com saudade da minha época de repórter de rádio, jornal e TV.Com saudade das entrevistas de antigamente.

    Quando vemos e ouvimos as entrevistas de hoje, nos jornais, no rádio, na TV e nos sites, todas iguais em todos os veículos de imprensa, lembro-me que nós escolhíamos os entrevistados, quantos e quem quiséssemos. Eram feitas no gramado e no vestiário, nos dias de treinos e de jogos.

   Brigávamos, no bom sentido, por furos de reportagem. Hoje, quase não há mais os furos. Hoje, são os assessores de imprensa que decidem quais as pessoas a serem ouvidas. Quando íamos para a cobertura diária dos clubes, ficávamos atentos para escolher os personagens a serem ouvidos. 

   Recordo que nas semifinais do Campeonato Brasileiro de 1975, estávamos juntos, os profissionais daqui e de fora, colhendo depoimentos de jogadores e do técnico, à vontade. Cada um tinha questionário próprio. Na concentração do Ninho das Cobras, em Aldeia, estamos juntos ao mesmo tempo, separados, eu pelo jornal O Estado de São Paulo e Flávio Adauto pela Folha de S.Paulo, na cobertura do Santa Cruz, que enfrentaria no dia seguinte, um domingo, o Cruzeiro. Cada um, com entrevistado diferente.  

    Na antevéspera de uma decisão do Campeonato Pernambucano dos anos 70, produzimos uma foto do querido

Givanildo Oliveira - era só Givanildo - com a faixa de campeão para a edição da segunda-feira do extinto Diário da Noite. A foto, de página inteira, foi parar no Jornal do Commercio, da mesma empresa. Isso porque o editor de esportes do matutino viu a foto no laboratório dos dois jornais e decidiu publicá-la no JC, na sexta-feira, dois dias antes do jogo.  O Santa jogava, pelo empate, contra o Náutico, que venceu a partida e a seguinte, para que o Tricolor que tinha vantagem, só levantasse o título no terceiro confronto. Hoje, seria impossível, a antecipação da foto, porque a assessoria de imprensa, não permitiria. Recordei essa história, para mostrar como tínhamos liberdade. 

 

Está foto, em 1979, saiu antes da hora. E deu muita confusão

   Nós, os repórteres volantes de rádio, fazíamos as entrevistas com os jogadores, no campo, antes e depois dos jogos. Hoje é quase impossível isso ocorrer. Saudade, saudade dos velhos tempos.

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