BOLA, TRAVE E CANELA - Lenivaldo Aragão

 O TIME DA FESTA FICOU NO MEIO DO CAMINHO

 



Longe daqui, no distante Estado do Acre, o Independência estava completando 30 anos de fundação. Corria o ano de 1976. A diretoria decidiu fazer uma extravagância, contratando a Tuna Luso Brasileiro, tradicional equipe do Pará, para abrilhantar as festividades. Visando cobrir as despesas, o Independência acertou com o time paraense a realização de três amistosos. Além do promotor da festa, a Tuna enfrentaria outros times locais.

 Não precisa dizer quanta expectativa passou a despertar a presença dos paraenses entre os torcedores acreanos, ávidos por atrações. Havia uma multa prevista para quem desistisse, e o clube paraense tirou o time, de última hora, não se sabe exatamente por qual motivo, tendo indenizado o clube do Acre numa boa, de acordo com o figurino. Porém, surgiu um impasse, que era conseguir um substituto para a Tuna, em cima da hora.

 Como solução de urgência o Independência acertou com a Rodoviária, de Manaus. Viagem de ônibus entre a capital amazonense e Rio Branco, numa estrada que ainda hoje não é lá essas coisas. Um acidente de trânsito mandou meio time da Rodoviária para o hospital, no interior do Acre, na véspera da festa.

 Como a equipe amazonense não ia mais a Rio Branco e não haveria tempo de contratar outro clube de fora, programou-se um torneio doméstico. O Independência perdeu para o Atlético local e viu o zagueiro Roberto borrar-se em pleno gramado, vítima de uma disenteria.

 Uma vez que desgraça pouca é bobagem, com o torneio em andamento, já tarde da noite chegou, de surpresa, o ônibus trazendo a delegação da Rodoviária. Os amazonenses, mesmo com o contratempo ocorrido faziam questão de saldar o compromisso assumido, com atraso. Era uma questão de honra. Só isso? Pois sim.

 No dia seguinte, o Independência recebeu, procedente de Brasília, uma encomenda constante de chaveiros, flâmulas e caixas de fósforos promocionais, material encomendado para a temporada da Tuna, que já não valiam mais.

 Para completar, quebrou-se o mancal do ônibus que trouxera o pessoal de Manaus. A turma foi ficando em Rio Branco – por conta do Independência, claro! – até que o conserto fosse feito e a equipe da Rodoviária pudesse voltar à sua terra, depois do acidentado passeio.. 

 

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