ALÔ, ALÔ, SAUDADE-Paulo Moraes

 DO YPIRANGA DE MINHA INFÂNCIA Â COVID-19


Ypiranga em 1950: em pé, Nelson de Pretinha, Dado, NI, Ci, Bernito e Heleno Pratinha; agachados, Mário, Joãozinho, Afonso, Clóvis e Arnon



 

Na minha coluna neste começo de ano, quero relembrar os meus tempos de criança e de início de juventude, em Santa Cruz do Capibaribe, município que fez nesse 29 de dezembro, 67 anos. Pois é, em 1953, quando eu somava oito anos de idade, a hoje Capital da Sulanca, se libertava de Taquaritinga do Norte, de quem era distrito. 

    Vamos, então, aos fatos da minha infância e começo de juventude, em Santa Cruz, cidade a 182 quilômetros do Recife e com uma população de quase 110 mil habitantes.

       Lá, nasci num domingo de 1945, foi no dia 29 de julho. Vivi em Santa Cruz os primeiros momentos de paixão pelo futebol. Costumava ver os jogos do Ypiranga, o mesmo Ypiranga que desfila hoje pelos campos da bola de Pernambuco. É, o primeiro meu clube, como torcedor, foi fundado em 1938.  Ou seja, sete anos antes de eu vir ao mundo numa casa da Rua Grande, a principal da cidade, que fica à margem esquerda do majestoso e amado Rio Capibaribe. Essa rua, se chamava Manoel Borba. Hoje, tem o nome de Avenida Padre Zuzinha. Mas, todos, principalmente os mais antigos, como eu, só a conhecem como Rua Grande. Era, na minha época, a maior das oito ruas da cidade. Hoje, já não é a maior, mas continua sendo a Rua Grande.

     Foi nela que foi fundado o Ypiranga. Foi seu primeiro presidente, o padre Zuzinha, uma figura inesquecível até hoje e prefeito por duas vezes. Idolatrado por quem o conheceu e por aqueles que só ouvem falar dele. Grande padre Zuzinha, era uma pessoa notável, a serviço de Deus.

    Voltando ao Ypiranga, dos anos 50, os jogos eram realizados no Estádio Otávio Limeira Alves, que nem tinha o nome dele, um filho da terra apaixonado por futebol. Foi o pai dele, o comerciante e industrial Luiz Alves, que doou o terreno para a construção do campo, hoje estádio, claro. O nome Otávio Limeira Alves, o estádio ganhou, por sugestão de Lenivaldo, o responsável por este blog e de um primo, acho que foi. O estádio hoje é moderno, com arquibancada, gramado, vestiários e cabines de rádio. Naquele tempo, o campo era cercado de avelozes, conhecida planta do agreste e que fazia o papel de muro. O chão era duro, enfeitado de pedrinhas pequenas. A bola, bem, era de couro, acho que de número cinco. Não era branca, era marrom. Com ela, nos pés dele, me empolgava o meia Dida.


Estádio Otávio Limeira Alves (Foto: Globo Esporte)


        Vi, lá, pela primeira um jogador dar uma bicicleta.

   O ponta direita Totonho. Uma jogada feita junto à lateral do campo, portanto, desnecessária. Mas eu vibrei com o lance, inusitado, pelo menos pra mim.

     Saudade do velho Ypiranga de Guilherme ou Ambrósio, Estoécio e Heleno Pratinha (um zagueiro de no máximo um metro e sessenta de altura e que tinha esse nome porque tocava pratos na Banda Municipal Novo Século). Seo Mário, Seo Lulu e Bernito; Totonho, Joãozinho de Duda, Afonso, Dida e Arnon ou Nelson de Pretinha. 

    Os jogos, eram contra outros times amadores de Caruaru e de localidades vizinhas. O Ypiranga ganhava sempre, o time dos meus sonhos, era muito bom. 

 

Pe. Zuzinha, primeiro presidente, dando o pontapé inicial num jogo (Foto: Blog Ney Lima)

   Em Santa Cruz do Capibaribe, dei meus primeiros chutes em bolas de meia, de borracha e de couro, de número dois. 

  Na próxima coluna, vamos falar de Caruaru. Da querida Caruaru do Rosarense, do São Paulo, do Comércio, do Vera Cruz (o meu Vera Cruz) e do Central. Do meu Bangu infantil, da Portuguesa, também infantil. De outra Portuguesa, a da Rua Preta, e do América. Esses dois times faziam o maior clássico das peladas da cidade.

 Saudade daqueles tempos, tempos que não voltam mais, como diria o poeta. Que poeta? Não sei. Mas que um dia foi dito. Sim, tempos que não voltam mais.

Gente, feliz próximo ano. Esqueçam 2020, que roubou tantos. No futebol, perdemos recentemente o presidente da Chapecoense, Paulo Ricardo Magro, de 59 anos. Perdemos o narrador e comentarista Gustavo Roman do canal fechado Dazn, de 45 anos.

 E perdemos, o ex-atacante do Sport, Irani, que foi embora aos 44 anos. Irani foi campeão pernambucano nos anos de 1998, 1999 e 2000. Foi também campeão da Copa do Nordeste de 2000. Jogou ainda  pelo Internacional e pelo Guarani. Todos, derrotados pela covid19.   Eita ano ruim. Esqueçam 2020. Abraço, a todos!

 

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