RENATÃO, O ATACANTE QUE FEDIA
(Ilustração: Humberto) |
Waldemar Carabina estava no Rio Grande do Norte, dirigindo o ABC, e foi com seu time a Mossoró enfrentar o Potiguar. Mesmo favorito, o time de Natal respeitava o adversário, cujo centroavante estava fazendo gol adoidado no campeonato estadual. No hotel onde a delegação se hospedou não faltaram torcedores abecedistas para passar o bizu a Carabina sobre o goleador local.
Com todas essas informações,
Carabina preparou sua defesa para suportar o ímpeto do ‘inimigo’, segurando o goleador
Renatão. O zagueiro Café era o encarregado de marcá-lo e recebeu mil
recomendações do treinador para não deixar o intrépido atacante dando sopa. Não
era preciso Café se preocupar com os outros atacantes. Seu homem era Renatão, e
pronto!
– Pode deixar, chefe, que eu
cuido dele – respondeu o compenetrado Café, ciente da responsabilidade que lhe
caía sobre os ombros.
– Confio em você – replicou
o treinador, dando mais moral ao zagueiro, que já se mostrava um tanto indócil,
aguardando a hora de entrar em campo, como o cavalo que está na ponta dos
cascos na pista de corridas, esperando o momento de dar a partida.
O jogo começou, e sempre que
chegava junto de Renatão, Café procurava fechar seu caminho. Todavia, com o
tempo, o centroavante ia ficando mais folgado em campo. A tal marcação em cima,
que o técnico do ABC pedira, não vinha mais acontecendo, de maneira que o duelo
com Café estava sendo facilmente vencido por Renatão, o qual, sem a mínima reação
do seu marcador, meteu dois cocos na rede dos visitantes. Jogo encerrado, o
humilhado Café não escapou de um esporro do treinador:
– Eu disse a você pra jogar
colado em Renatão, e ele fez dois gols, na sua cara – reclamou o ex-zagueiro
Waldemar Carabina.
– Não deu, chefe, o homem
fede muito. Não tem mesmo quem aguente ficar junto dele – justificou-se a pobre
vítima.
O técnico do ABC, de início,
não levou muito a sério a explicação do jogador, que, para ele estava dando uma
desculpa esfarrapada. Todavia, mudou de opinião, depois que outros jogadores
confirmaram as palavras de Café, dizendo que o atacante do Potiguar exalava um
cheiro horrível, fazendo com que todo o mundo se afastasse dele.
Constatação feita pelo
próprio Carabina, momentos depois, por ocasião da habitual visita de cortesia,
o que era uma praxe, ao vestiário do ad time vencedor. O treinador até pediu
desculpas a Café.
A verdade é que Renatão
untava seu corpo de porcaria, e com o mau cheiro que se espalhava ao seu redor
tornava-se um jogador simplesmente imarcável. Quem aguentava chegar perto para
sair vomitando? É que o centroavante costumava passar fezes pelo corpo, sob a camisa, de maneira afugentar seus marcadores.
Republicado no meu Blog
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