ALÔ, ALÔ, SAUDADE! - Paulo Moraes

 REMINISCÊNCIAS CARUARUENSES   

 

 

Central em 1964, já no Estadual: em pé, Da Cunha (ex-Zé de Rita), Dudinha, Zé Carlos, Pissica, jucélio e Nenzinho; agachados, Zé Luiz (massagista), Nido, Vadinho, Pinheiro, Esquerdinha e Fernando Lima


Atenção. Bom dia, boa tarde, boa noite! Dividi os cumprimentos porque não sei a que horas, você está tendo acesso a esta coluna. Este novo texto se refere ao meu passeio de outrora pelos anos esportivos vividos na maravilhosa Caruaru, lá por 1957/58/59/60/61//62/63/64.

Vamos começar com uma história fantástica, hoje engraçada; na época, não. Eu, adolescente, nos últimos anos da década 50 e começo dos anos 60, vendia cocada de leite, pelas ruas de Caruaru. Era hábito acompanhar à beira de um campo improvisado, ao lado do Estádio Pedro Victor de Albuquerque, agora chamado de Luiz Lacerda, a pelada diária de lum grupo de garotos. Isso acontecia no começo da tarde e eu era, talvez, o único espectador. Chegava lá, poucos minutos depois de sair de casa que, obviamente, ficava bem próximo ao racha da meninada.

Numa das vezes, a bola subiu, foi um coqueiro, como se chamava antigamente. Na descida, ela caprichosamente caiu em cima da bandeja. Foi cocada para todos os lados. E a garotada, esfomeada ou não, foi se deliciar com o produto feito pela minha madrasta Bernadete. O negócio da cocada era pra auxiliar nas despesas da casa. Caí no choro, foi quando Pedrinho, um dos participantes da pelada, incentivou os coleguinhas para fazerem uma cota e amenizar o problema. O dinheiro arrecadado deu pra pagar, apenas, a metade do valor total das cocadas. Soube disso agora, através do primo Hélio, que estava entre os candidatos a craques, ter sido Pedrinho, o autor da ideia, de se cotizar, pra aliviar o prejuízo. Volto a dizer, chorei e muito com o acontecimento. Levei uma bronca daquelas ao chegar de volta à minha casa. Dali em diante, não parei mais para acompanhar o divertido encontro da gurizada no 'estádio' anexo ao Pedro Victor. O grito de cocadinha de leite, ecoou mais cedo, pelas saudosas ruas de uma cidade que tanto gostei de abraçar por sete anos e nos muitos dias de visitas, depois que fui recebido pelo lendário Recife.

Bem, vou falar agora, um pouquinho do Campeonato Caruaruense. Em campo, o Central de Caçula, de Zé de Rita, que virou Da Cunha depois de o Alvinegro voltar à primeira divisão estadual, de Foice, de Zezinho de 'seo' Tutu. O Vera Cruz de Pafigo, Zé Bom e Cebinha. 

Comércio Futebol Clube, campeão de 1954. Em pé, Rubens, Mauro Bicudo, Lula, Adelson, Raposa, George e Paulo de Júlio; agachados, Luiz de Neco, Maurício Apolônio, Coló, Maurílio e Fernando Bidé, mais tarde Fernando José

Em campo, também, o Comércio de Escurinho e Corró, o Rosarense, do Rosário Novo, o São Paulo, da Rua São Paulo. Essa rua fica pertinho do Luiz Lacerda, o Lacerdão.

Os títulos da competição municipal, ficavam com o Central, na sua maioria, com o Vera Cruz e o Comércio. Rosarense e São Paulo, eram times pequenos, assim como o Íbis, o Santo Amaro e o Ferroviário. Foram sacos de pancada.

Com o acesso do Central ao Pernambucano, o Caruaruense chegou ao fim. As emoções foram riscadas dos cadernos de história e se concentraram na memória futebolística. O Central está até hoje, com campanhas pífias, na primeira divisão estadual, na qual andara pelos anos 30. Os clubes da Liga Caruaruense foram extintos. 


O Central de Dudinha, Berto (depois Adolfo Primeiro, o antigo Foice), Adolfo Segundo (depois Zé Carlos), Pissica (depois Zito Peito de Pombo), Jucélio e Da Cunha (o antigo Zé de Rita), de Nido, de Zezinho e de outros no ataque, deu muito trabalho ao Sport, ao Santa Cruz e ao Náutico. Em seguida a eles, surgiu o grande craque Vadinho, um meia clássico e de chute forte, que um dia jogou no São Paulo, o tricolor paulista.

Nas férias da época de funcionário das Casas Pessoa Filho, não perdia nenhum treino do Central, realizado sempre pela manhã. O Central era o segundo time dos caruaruenses, em Pernambuco. Primeiro, se torcia pelo Sport, pelo Santa e pelo Náutico. Havia um torcedor do América de Macaquinho, o mais tarde advogado Rivaldo Aragão (Riva). Eu era Santa e sou tricolor apaixonado até hoje. E serei sempre, de Corpo e Alma. 

Bons tempos aqueles da minha juventude na querida Caruaru. Caruaru da Rua da Matriz, da Praça Coronel João Guilherme, da Avenida Agamenon Magalhães, do Pedro Victor.

Em Caruaru conheci Cordovil Dantas, o grande narrador esportivo do rádio da Capital do Agreste, nos anos 50 e 60. Em março de 1964 me transferi para um novo endereço, o Recife. Eita cidade adorável que eu amo imensamente. Vou então, contar, nos próximos dias, a história de um degrau da minha vida esportiva. Logo, logo, estarei de volta. Até mais!

 

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