Campeão do Centenário, título histórico do América

 

O título do ano em que o País festejou os cem anos de sua independência foi histórico (Foto: Blog do Mequinha)

 

Nesta segunda-feira, 12 de abril de 2021, o América Futebol Clube, uma das mais tradicionais agremiações do futebol pernambucano, está completando 107 anos de atividades. Dos seis títulos de campeão pernambucano que conquistou (1918, 1919, 1921, 1922, 1927 e 1944), o mais marcante foi o de 1922, ano em que festejava-se o primeiro centenário da Independência do Brasil. Nos diversos campeonatos estaduais, o interesse pelo título de Campeão do Centenário deu uma extraordinária importância à disputa. Em Pernambuco não poderia ter sido diferente. O troféu, tão perseguido, caiu em mãos do América merecidamente e embora entre outros a lembrança tenha sido tragada pela voragem do tempo, no caso do Periquito, a louvação ainda permanece. Vale lembrar que no próximo ano o título de Campeão do Centenário fará cem anos, ou seja, será centenário.

 

 

Naquele ano, o campeonato foi marcado por jogos interrompidos, devido aos mais diversos motivos, principalmente pelo fato de o campo ter ficado escuro, como no clássico América x Sport da primeira rodada, que terminaria decidindo o campeonato.

Houve jogos anulados, a exemplo de Torre contra o novato Equador.

Não faltou a habitual entrega de pontos. Equador e Santa Cruz entregaram ao Sport, e o Peres ao Náutico.

Houve jogo cancelado por causa do desinteresse  dos dois clubes que iriam se enfrentar – Flamengo e Santa Cruz – após adiamento provocado pelas chuvas, que caíram intensamente. Tudo isso marcou o Campeonato Pernambucano de 1922, disputado sob intenso inverno.

 

O Senhor Inverno, que duas décadas mais tarde, durante a segunda Guerra Mundial, terminaria provocando o fracasso das tropas de Hitler na sua incursão pela União Soviética, deu as cartas no nosso campeonato, só que em proporções bem menores, justamente no ano em que o Brasil comemorava o centenário do Grito do Ypiranga.

 

O campeonato foi disputado em turno único. Assim houve apenas os jogos de ida. Mais uma vez, Sport e América surgiam como candidatos ao título de campeão. Os rubro-negros pretendiam interromper a marcha de seu maior rival, que buscava o segundo bicampeonato.

 

A Liga Sportiva Pernambucana, o protótipo do que hoje é a Federação Pernambucana de Futebol, já tinha instituído o sistema de dois ou mais jogos por rodada. Logo de saída, Náutico x Centro Peres deixou de ser disputado por causa do mau tempo. Tendo sido marcada para outra data, a partida terminou não sendo realizada porque o Peres entregou os pontos. Vitória do Náutico, portanto, por WO. No mesmo dia, 7 de maio, o América estava derrotando o Sport pela contagem de 2 x 1, tendo sido o encontro suspenso por falta de iluminação. Na época invernosa, como ainda acontece hoje, escurece mais cedo nesta Região, e os campos ainda não tinham luz artificial.

 

A direção da Liga determinou que os oito minutos restantes fossem disputados mais adiante, depois do cumprimento da tabela. Assim, rubro-negros e alviverdes voltaram a campo em 19 de novembro. Local, Jaqueira, chamado de América Parque, onde a partida estava sendo disputada ao ser interrompida. Embora estivesse programado apenas um restinho de jogo, um grande público compareceu. É que estava em cena o pomposo título de Campeão do Centenário. O América, que sofrera uma derrota em meio à sua jornada, ao perder para o Torre por 1 x 0, chegava àquele momento, com 10 pontos ganhos, enquanto o Sport tinha 11, sem incluir, é claro, os daquela partida, que os americanos estavam ganhando por 2 x 1.

 

Foram instantes dramáticos. O Sport lançou-se furiosamente ao ataque. Se conseguisse pelo menos empatar o jogo, ficaria com 12 pontos, e deixaria o gramado festejando a conquista de mais um título. Já o América defendia-se com unhas e dentes, uma vez que se o placar fosse mantido, passaria a somar 12 pontos e levantaria a taça, pois o Sport permaneceria com 11. E foi o que ocorreu. Final de jogo, vitória do América por 2 x 1. A torcida do Alviverde fez muito barulho na comemoração da conquista que ainda é lembrada, quando a imprensa refere-se ao seu clube como o Campeão do Centenário.

 

            AMÉRICA 2 X 1 SPORT

            Data: 07/05/1922

            Local: América Parque, Jaqueira

            Árbitro: Gastão Bittencourt

            Gols: Araújo (2) – América e Péricles – Sport

           

América (Campeão)

Nozinho; Rômulo e Cunha Lima; Lindolpho, Licor e Faustino; Meirinha, Fabinho, Zé Tasso, Juju e Matuto.

Sport (Vice-campeão)

            Mário Franco; Alarcon a Chalmers;  M. Paranhos, Jack e Pedro Sá, Mathias Adour, Benedicto, Geraldo Bastos,  Péricles Caldas e Aluísio Caldas.

 

            Equipes dos oito minutos finais, em 19/11/1922:

           

            América

            Leça; Rômulo e Faustino; Lindolpho, Licor e Zizi; Meirinha, Fabinho, Zé Tasso, Juju e Matuto

 

            Sport

            Mário Franco; Alarcon e Chakmers; Mathias Adour, Benedicto e Pedro Sá; Baltar. Hardy, Péricles Caldas, Walker e Aluízio Caldas.

           

Jogos do campeão

 

07/05 América  2 x 1 Sport                       Jaqueira

Obs.: jogo suspenso, faltando oito minutos para o término. Concluído em 19/11/22, o placar se manteve inalterado.

21/05 América 4 x 0 Peres                       Jaqueira

04/06  América 2 x 1 Náutico        Jaqueira

23/07  América 3 x 1 Equador      Jaqueira

06/08  América 0 x 1 Torre             Jaqueira

22/10  América 2 x 1 Santa Cruz Jaqueira

05/11  América 4 x 2 Flamengo    Jaqueira

 

 

 

 

 

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