Herdar a cadeira que foi do tio Rubem Moreira anima Mirinda

 

Volta ao futebol pela  FPF, nos planos do ex-presidente do Santa (Foto: Reprodução internet)

 

A mosca azul, soltada pelo jornalista Amaury Veloso, andou zunindo ao seu ouvido. E ele parece ter se agradado do zunzunzum. Vez por outra alguém o aborda sobre o assunto.

Da elucubração, se é que se pode falar assim, à realidade, caso ela aconteça, muita água há de correr debaixo da ponte.

A verdade é que o engenheiro e empresário do ramo da construção José Alexandre Mirinda Moreira passou a encarar com algum realismo a possibilidade de voltar à atividade no ambiente esportivo, sucedendo o presidente da FPF, o advogado militante e delegado de polícia aposentado, Evandro Carvalho.

– Seria a volta da família Moreira – sintetizou Mirinda num bate-papo com a reportagem. Logo acrescentou:

– Mas se trata de uma ideia. Vou ter uma conversa com Evandro para me inteirar da situação.

Mirinda é uma figura muito conhecida entre os desportistas pernambucanos. Seu berço esportivo é o América Futebol Clube. O pai, José Moreira, popularmente chamado de Zezé, foi presidente do América Futebol Clube, tendo sido o responsável pela construção da sede do clube, na Estrada do Arraial, bairro de Casa Amarela, inaugurada em 19/12/1951. A beleza das linhas arquitetônicas ainda chama a atenção.

Sede do América, edificada na gestão Zezé Moreira, pai de Mirinda  (NE-10 UOL)

João Moreira, irmão de Zezé, portanto, tio de Mirinda, também foi presidente do Campeão do Centenário. Este fez parte do ciclo dos grandes de Pernambuco, mas a partir dos anos 50 do século passado, foi declinando e perdendo o pique para medir forças com o Trio de Ferro.

Seis vezes campeão estadual, na sua última conquista, em 1944, numa disputa com o Náutico, o Alviverde tinha como diretor de futebol outro Moreira, Rubem, irmão de Zezé e João, que comandou a FPF, de 1955 a 1982, num período ininterrupto de 27 anos, o que o regulamento da época permitia. Rubem foi uma figura importante no mundo da cartolagem ligada à antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos), depois CBF (Confederação Brasileira de Futebol), a ponto de ser chamado de Vice-Rei

do Nordeste.

Dos irmãos de Mirinda, pelo menos dois foram eleitos presidente do Periquito, José Amaro e José Antônio, seguindo a tradição da família. O caminho alviverde foi seguido por Augusto, um Moreira da terceira geração.

Embora tenha crescido respirando ares americanos, Mirinda, talvez pelo declínio do Alviverde, através dos tempos, ainda na sua mocidade, seja hoje torcedor do Santa Cruz. Ele era o presidente tricolor no biênio 1993/94 – no seu primeiro ano de mandato, o Náutico já festejava a conquista do título de campeão, quando o Santa arrebatou a taça de suas mãos, dando a volta olímpica e tornando-se autor de uma façanha histórica, cuja lembrança ainda emociona velhos e novos adeptos da Cobra Coral.

Rubem Moreira, de óculos, com João Havelange na inauguração da sede da FPF em 1972 (Acervo do Blog)


O conhecido desportista fez parte daquela geração inesquecível que levou o Náutico a tornar-se eneacampeão pernambucano de futsal, de 1968 a 1976. Depois, Miranda ajudou o Santa Cruz a realizar uma escalada vitoriosa dentro das quadras. Ao seu lado, entre outros, Zé Neves, ‘batizado’ mais tarde como O Presidente Arretado, e João de Deus, também tricolores que igualmente procediam dos Aflitos.

Mirinda continua acompanhando o Santa Cruz, cujo Conselho Deliberativo também já presidiu, e traça uma diferença entre presidir um clube e uma federação:

– No clube, o presidente trabalha de segunda-feira a domingo, e na federação, como não há expediente sábado e domingo, o fim de semana é para descanso.

Logicamente, no momento são apenas cogitações, mas a semente está lançada. Para Mirinda, o futebol pernambucano precisa de uma sacudidela, pois já não é olhado com o mesmo respeito de outrora.

– Em prestígio, perdemos hoje no Nordeste para Ceará, Bahia e até Alagoas. Agora disputamos com a Paraíba e Sergipe.

Na FPF, o reeleito Evandro Carvalho cumpre um mandato de quatro anos para o qual foi aclamado em 25/09/2018, indo até 2022. Por lei, o atual presidente, que está na segunda gestão não terá direito à reeleição.

Na Federação comentava-se nos bastidores que o ex-vice-presidente da entidade, Murilo Falcão, seria o candidato oficial para a sucessão de Evandro. Porém, sua morte inesperada em 09/01/2021 mudou os rumos eleitorais no Palácio dos Desportos Rubem Moreira.

 

  

 

 

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