(Foto: Overmundo) |
A
capa traz o conhecido torcedor Bacalhau e seus dentes nas cores da Cobra Coral,
e das 12 músicas constantes no disco, nos gêneros frevo-canção, samba e coco,
10 são de Bráulio, uma de sua mulher, Fátima de Castro, e outra dos Irmãos
Valença. Os intérpretes, todos tricolores, são o próprio Bráulio, Fátima,
Bubuska, Walmir Chagas (O Veio Mangaba), Ed Carlos e Chico Nunes. Os títulos
das composições traduzem a alegria que o povão vivia naquele momento em que o
Santa quebrava um hiato e voltava a reinar em Pernambuco, depois de ter sido
campeão em 2004. Eis o conteúdo do CD: Sorrindo
à Toa, Bandeira do Santa Cruz, Nasci Santa Cruz, História de um Super Campeão,
Cobrinha Sapeca, É Lá e Lô, O Veneno da Cobra Coral, Bacalhau de Garanhuns, O
Papa Taças, Mestre Tará, A Minha Cobra, Veneza Brasileira, A Cobra Vai Fumar e
Papai Tricolor.
Anteriormente,
ele tinha exaltado o time de sua paixão, com o CD “O Veneno da Cobra Coral”,
patrocinado pelo conselheiro Severino Santiago, aparecendo como compositores,
Bráulio de Castro, Irmãos Valença, Paulo Elias, Capiba, Jorge Costa, Ed Carlos,
Fernando Neves, Leôncio Rodrigues e Fátima de Castro. Interpretação de Bubuska,
Walmir Chagas, Ed Carlos, Bráulio de Castro, Chico Nunes e Fátima de Castro. O
texto de apresentação é do consagrado jornalista Paulo Moraes. Bráulio não para
quando se trata de glorificar o Santa Cruz. A partir do ano passado tratou de
elaborar uma nova produção, agora para comemorar o centenário do Santa.
(Foto: Arquivo do Blog) |
O
compositor, que entre outras facetas comanda o cordão carnavalesco satírico,
etílico e libidinoso Bacia d’Água, que sai durante o Carnaval, no bairro do Recife,
nasceu em Bom Jardim, no Agreste pernambucano, sob a bênção do avô Ademário,
músico; do pai Zé Dácio, e de outros membros da família, todos torcedores do
Santa Cruz – para variar, a esposa Fátima e a filha Estela Carielli são
tricolores. Em 1949, com sete anos, veio morar com o avô, no Recife, para
estudar. Na Rua Ambrósio Machado, na Iputinga, havia alguns bangalôs que
abrigavam gente remediada. No outro lado, separados por um pontilhão, pessoas
humildes, todas amantes do Mais Querido. Era a turma de Bráulio. – –
Morava num dos bangalôs, um funcionário da Great Western (mais tarde Rede
Ferroviária do Nordeste) chamado Valdemar Aciolly, torcedor do Sport. Quando
eles perdiam para o Santa Cruz, a gente esperava sua chegada do jogo, no
pontilhão, soltando fogos. Se o Sport ganhava, ele se vingava, com os filhos,
também com foguetório. Tudo isso acontecia numa boa, só por brincadeira, sem a
violência que hoje em dia impera entre uma parte dos torcedores – recordou Bráulio
Se
já gostava, Bráulio fortaleceu sua imensa afeição pelo Clube das Multidões em
1954 ao assistir a um treino, no antigo Alçapão do Arruda, em que o centromédio
Aldemar, vindo do Vasco da Gama, juntamente com o volante Calico, era
apresentado à torcida.
–Passaram
uma bandeira para pedir a ajuda dos torcedores, eu dei quinhentos réis,
digamos, cinquenta centavos de hoje, outros deram um, dois cruzeiros. Ainda me
emociono quando recordo aquele episódio. Era gente de pés descalços saída dos
morros, daquela periferia, todos contribuindo com o que podiam e demonstrando
no rosto sua felicidade em poder ajudar. Sei que o treino com o goleiro Barbosa
rendeu muito mais, mas aquele com Aldemar me marcou – lembrou o tricolor
bonjardinense.
EM SÃO PAULO COM O POVÃO
Em
1968, Bráulio foi passar um ano em São Paulo e ficou mais de duas décadas.
Acompanhava o noticiário esportivo de Pernambuco, sintonizando as ondas curtas
das rádios Clube e Jornal. Às vezes, amigos do bairro Ipiranga passavam-lhe
alguma informação, principalmente quando a Cobrinha fazia uma grande
contratação. Ao chegar à capital paulista bandeou-se para os lados do São
Paulo, que tem as mesmas cores do Santa Cruz, mas não resistiu ao primeiro
clássico contra o Corinthians. Ele conta:
–
Quando vi aquela vibração da massa, comparei com a alegria do povão do Santinha
e disse ‘é ali o meu lugar’. Passei a torcer pelo Corinthians, mas sem jamais
esquecer o meu Santa Cruz.
Pelo
seu desembaraço e pelo pendor artístico, logo tornou-se conhecido entre os
torcedores corintianos e no seio da crônica esportiva. Em 1970, quando o Santa
Cruz debutou no Campeonato Brasileiro, então chamado de Nacional, foi enfrentar
o Corinthians. Ao passar pelas cabines de rádio do Pacaembu, o compositor
pernambucano foi interpelado pelo narrador Osmar Santos, que conhecia seu amor
ao Mais Querido:
–
E hoje?
–
Sou a Diana do Pastoril.
Logicamente,
ninguém entendeu, e Bráulio colocou o Santa em primeiro lugar, dizendo que
torceria pelo mais humilde, no caso, o Santa. Deu empate.
Como
qualquer torcedor pernambucana de sua época, não esquece o supercampeonato de
1957, o primeiro conquistado pelo Tricolor, com uma vitória por 3 x 2 sobre o
Sport, na Ilha do Retiro, num jogo em que só precisava empatar. Acompanhou o
pentacampeonato a distância, mas os nomes de Givanildo, Luciano e Ramon não
saem de sua mente. De um passado mais distante recorda-se do ponta-direita
Jorge de Castro, do atacante Rudimar e da zaga Palito e Godofredo.
–
Um matava, outro enterrava – brinca, exaltando a eficiência da dupla.
Na
fase contemporânea admira Caça Rato, pelo seu carisma junto ao povão tricolor,
sobre quem fez uma música quando surgiu a brincadeira de sua ida para a Seleção
Brasileira.
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