O alagoano Robson Sampaio amou o Recife intensamente

 

Robson, jornalista e poeta (Foto: reprodução internet)


Tratávamo-nos esportivamente como Carposo, eu e o amigo Robson Sampaio, que acaba de nos deixar. Nos momentos de seriedade, claro, éramos Robson e Aragão.

Os mais antigos da Redação do Diario de Pernambuco – muitos já não estão entre nós, infelizmente – sabiam o significado do curioso apelido de Carposo usado mutuamente.

É que havia no velho DP um irreverente cronista esportivo especializado em turfe. Era o nosso “cronista cavalar” Adroaldo Silva, eterno brincalhão, durante algum tempo meu companheiro, aos sábados, nas visitas à Mão de Vaca do Gordo, na Rua Direita, onde um letreiro na parede avisava “se não suar não paga”.

Adroaldo, certa vez, atendeu um emissário do prefeito Augusto Lucena, dando-lhe os nomes dos jornalistas do Diario para o envio do tradicional cartão de boas festas. Extremamente atencioso, declinou um por um todos os componentes do pessoal do terceiro andar. Mas, como o juiz de futebol que cumpre alguns minutos de acréscimos, o “cronista cavalar” acrescentou uma turminha saída da sua cachola.

Era divertido a cada ano, quando o diretor da Redação, Edmundo Morais, de posse de um monte de cartões, ia chamando um por um cada destinatário, incluindo a turma complementar criada por Adroaldo. E haja gargalhadas: jornalista Paulino Patativa, Dr. Jabígula, Dr. Carposo, Xexéu e por aí vai. Ou ia. E tome nome fictício e engraçado vinda à tona para divertimento da plateia.

Com o tempo, Robson passou a me tratar por Carposo e vice-versa.

Mesmo com cada um tomando outros rumos, porém, ambos circulando naquele pequeno trecho da Rua do Imperador, que terminava na porta do tradicional Restaurante Dom Pedro, nossa convivência era mantida. Teve uma passagem pelo Jornal do Commercio, no meu tempo, não mais em Esportes, mas foi passageira.

Através de Robinho, como era tratado em família, fiz amizade com os irmãos, acompanhando sua eterna devoção à esposa Lucinha, às filhas e posteriormente aos netos. E ao Clube Náutico Capibaribe, pelo qual torcia, comedidamente, sem misturar o profissionalismo com as cores preferenciais.

Poeta, dos bons, veio de Maragogi, Alagoas, para o Recife, . Rcifense por adoção, amou com sofreguidão a cidade que o acolheu. Produziu vários livros, para um dos quais, Eu Sou o Capibaribe, tive a honra de escrever um artigo.

Há poucos dias a classe jornalística lamentou a morte de Valdelusa D’Arce, minha colega, e de Robson, no mais antigo jornal da América Latina. Agora é o querido Carposo que faz a viagem sem volta.

À família enlutada pela partida de seu chefe transmito meu sincero voto de pesar.

Infelizmente, mormente por causa da pandemia, já não existem aquelas reuniões, sem pauta, entre os jornalistas para tentar salvar o mundo. Certamente, o nome de Robson circularia com toda força, ele que sempre foi um apaixonado pelo que fazia, e entre outros itens muito se orgulhava da condição de oficial da reserva do Exército, situação adquirida ao cursar o CPOR.

Comentários