O dia em que Bassu acabou o jogo

 


Náutico x Íbis, nos Aflitos, pelo Campeonato Pernambucano de 1962. No ano anterior, o Pássaro Preto tinha surpreendido o Timbu ao derrotá-lo por 1x0 em pleno Estádio Eládio de Barros Carvalho. É verdade que o Alvirrubro terminou ganhando os pontos da partida no TJD porque o Íbis jogou com o atacante Altino, vindo do Rio Grande do Norte, que era marinheiro, em situação irregular. E no returno, quando os dois se reencontraram, na Ilha do Retiro, o Timbu foi à forra, ganhando o jogo por 2x0. Mas a derrota de 1961 ainda não estava esquecida.                                                                                                                                                                                                          

          Agora em 1962, os irmãos Nado e Bita faziam misérias, mas o Náutico também tinha Rinaldo, China e Tião.  Era uma tarde em que o sol esturricava a pele dos jogadores. Os gols iam saindo, para o lado do dono da casa, logicamente, levando os ibienses ao desespero. A turma do Pássaro Preto fazia de tudo para impedir o ímpeto alvirrubro, mas não conseguia. Era inevitável que apelasse para o jogo bruto.

         O árbitro Nelson Bento de Oliveira procurou contemporizar, levando na conversa. Um esporro aqui, outro ali – ainda não existiam os cartões amarelo e vermelho –, mas não conseguiu dar um jeito. Começou a mandar jogador mais cedo para o chuveiro. Assim, aquilo que já estava fraco foi ficando mais debilitado. Com o Íbis cada vez mais desfalcado, a possibilidade de o Náutico aplicar uma estrondosa goleada tornava-se iminente. O que não seria nenhuma novidade. Bita, o famoso Homem do Rifle, já tinha balançado a rede três vezes, O show de bola de Nado, um emérito driblador, tipo Garrincha, levantava a torcida timbu. Se o Íbis, com o time completo não tinha condições de encarar a ‘fúria’ da timbuzada, imaginem com sua equipe inferiorizada numericamente.

          Quando o rubro-negro do bairro de Santo Amaro estava com apenas sete jogadores, uma vez que quatro já haviam sido expulsos, o meia Bassu, uma figura engraçada do futebol pernambucano, dublê de jogador e policial militar, travou um diálogo curto e grosso, com o árbitro.

             – Seu juiz, até com quantos jogadores o time pode ficar em campo?

            – Sete – respondeu Nelson Bento, do alto de sua autoridade.

             – Pois o senhor é um filho da puta.

             – E você está expulso.

            O Íbis ficou reduzido a seis jogadores, número insuficiente para continuar jogando. Foi a maneira encontrada por Bassu para amenizar a goleada, que já estava em 8x0 (Bita-3, China-2, Rinaldo-2 e Tião).

 

 

 

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