HISTÓRIAS DELICIOSAS

O rigor de Serrano e a papa

 com sabor Djalma Bocão



Por FERNANDO AZEVEDO-PIXOTO

 

Antônio Serrano, à esquerda, e a meninada do basquete do Náutico

 

Tonho Serrano merece, além das várias homenagens que recebeu, o título do mais intransigente técnico de basquetebol de Pernambuco. Com ele não tinha conversa: ou treinava ou não jogava. Ou chegava no horário ou não treinava. Acabado o trabalho entrava na brincadeira com sua gargalhada que se ouvia a distância. Na época do juvenil, os treinos eram às cinco da manhã. Ele trabalhava cedo e nós também tínhamos o colégio. A solução para o problema era dormir no vestiário, ao lado de “espiral Sentinela”, famoso inseticida da época. Claro que havia bagunça, brincadeiras, mas às cinco da matina já estávamos na quadra. O café da manhã vinha em seguida; café, pão e papa, elaborada por Cuscuzeiro, velho cozinheiro do Náutico e que atendia também o Remo.

Na Rua da Angustura morava, numa pensão, Djalma Bocão, camisa 9 do time do Náutico, que era muito amigo nosso e assistia ao treino. Na hora do café ia pra junto pra bagunçar. Certa vez, Cuscuzeiro estava finalizando a papa, e quando a bichinha começou a ferver e a borbulhar, ele tira a dentadura e joga no caldeirão. Gritaria, protestos, mas a fome era grande e talvez tenha comido a papa mais gostosa da minha vida.

 

 

Comentários