Com Facundo Labandeira, Sport mantém tradição iniciada em 1918
Facundo: sangue platino na equipe rubro-negra (Foto: reprodução NE 45) |
O mais valorizado de todos foi o meia armador Raul Bentancor, que pintou na Terra dos Altos Coqueiros, muitas décadas depois. Indicado por um conterrâneo talentoso, Walter Morel, campeão pernambucano pelo clube da Praça da Bandeira em 1958,
Bentancor, o maior de todos |
Bentancor vestiu
a camisa leonina de 1959 a 1963, tendo participado intensamente da conquista do
bicampeonato de 1961 / 62. Ao todo fez 254 jogos pelo Rubro-Negro, tendo
assinalado 91 gols. É considerado um dos mais completos profissionais que passaram
pelo Sport em todos os tempos. Na época em que o célebre cantor cubano Bievenido Granda reinava com seus boleros e era aclamado com "O Bigode que Canta", o craque uruguaio recebeu o slogan de "O Bigode que Joga".
O COMEÇO DE TUDO
A briga pela conquista
do título pernambucano de 1918 estava feroz. De um lado, o América pretendia
interromper a série de títulos do Sport, bicampeão pernambucano em 1916-17,
impedindo, assim, a posse definitiva da taça oferecida ao campeão pelo seu
grande rival na época. Ficava de vez com o troféu o clube que se sagrasse
campeão três vezes consecutivas.
O Sport queria, a todo custo, conquistar o tricampeonato e se apoderar do laurel definitivamente.
Sport e América eram os favoritos na luta pelo título máximo daquele ano, que o Alviverde terminaria conquistando.
Com o campeonato
correndo, ao comparar as forças, o clube fundado por Guilherme Aquino da Fonseca considerou o
Periquito mais forte. Logo tratou de buscar novos jogadores para melhorar sua
equipe. Ao procurar reforços no Rio de Janeiro e
UM URUGUAIO A TODO VAPOR
Numa atitude ousada, os
rubro-negros mandaram buscar, às pressas, no Uruguai, o extraordinário
center-foward Pedro Mazzullo. O objetivo era ganhar do América. Para poder
cumprir a exigência do regulamento, o jogador precisaria chegar ao Recife pelo
menos sessenta dias antes do jogo contra os esmeraldinos a ser disputado no dia
21 de julho.
E
assim partiu de Montevidéu aquele jogador, a 13 de maio, viajando de navio,
tendo alcançado o Rio de Janeiro no dia 17, às 6 horas. Para
chegar a tempo ao Recife, teve de embarcar no mesmo dia às 10 horas no vapor
BRAZIL. Na manhã do dia 21 desembarcou
em Maceió.
Givanildo Alves, na “História do Futebol
em Pernambuco” conta que, “os dirigentes do clube rubro-negro mandaram o navio ‘queimar
carvão’ por conta deles, a fim de que o BRAZIL acelerasse suas máquinas para
chegar a Maceió no dia previsto. Era época de guerra e os navios da Costeira,
por medida de economia, só queimavam lenha”.
O genial compositor pernambucano Capiba,
no frevo A Pisada é Essa, usa aquela expressão corriqueira na navegação
nacional no início do Século XX: “Eu quero ver carvão queimar / Eu quero ver
queimar carvão...”
Para o uruguaio poder
jogar contra o América, no dia 21 de julho, era preciso estar em 21 de maio em território pernambucano. Mas
como, se o BRAZIL teria de se demorar no porto de Maceió?
A direção do Sport agiu
com uma argúcia extraordinária. Enviou um emissário à capital alagoana para
esperar o jogador. Lá alugou o automóvel da Great Western, que, mesmo deslocando-se
sobre trilhos era mais ligeiro que o trem.
Tomadas todas as providências legais, Pedro Mazzullo ficou regularizado para o encontro com o América no jogo do dia 21 de julho.
MAZZULLO VERSUS ZÉ TASSO
O América x Sport da
estreia de Pedro Mazzulo foi aguardado com entusiasmo, porque indicaria quem
iria desgarrar na corrida pelo título. O América foi impiedoso. Venceu por 6x1.
Naquele dia, quem foi a campo para ver o uruguaio Pedro Mazzullo, viu o
pernambucano Zé Tasso, autor de três dos seis gols do América. O do Sport foi
marcado por um jogador “importado”: Benedicto Fernandes.
Depois da chegada de Pedro Mazzullo, o Sport trouxe outro
uruguaio para reforçar seu time. O novo reforço foi Antônio Mazzullo,
center-half, irmão de Pedro Mazzullo. Pedro, o center-foward, era conhecido
como Mazzullo I e Antônio, o center-half, como Mazzulo II. A estreia de Antônio
Mazzullo, em jogos do Campeonato Pernambucano foi no dia 1º de setembro de
1918, numa derrota do Sport para o
Náutico, nos Aflitos, por 1 x 0.
TÉCNICOS
O Sport foi também o primeiro time a contratar um técnico estrangeiro, o que aconteceu em 1928 com a vinda do uruguaio Carlos Viola, que levou o Leão a ser campeão naquele ano. Em 1941, outro uruguaio à frente do Rubro-Negro. Era Ricardo Diez, que procedia do América do Rio.
Com Ricardo Diez, o Sport desbravou o Centro-Sul (Foto: Arquivo) |
Dom Ricardo, que mais tarde comandaria ainda Santa Cruz e Náutico, levou o Leão a levantar a taça invictamente, e no ano seguinte empreendeu a célebre excursão ao Centro-Sul (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Era a primeira vez que uma equipe pernambucana passava da Bahia. O Sport fez uma excursão notável, tendo ficado sem alguns jogadores, que ficaram por lá, entre os quais o célebre atacante Ademir.
Comentários
Postar um comentário