Divulgou a AFP:
A lenda do futebol iraniano Ali Daei (foto), que apoiou os
protestos após a morte da jovem Mahsa Amini, acusou nesta segunda-feira (26) as
autoridades iranianas de desviar um voo para impedir que sua esposa e filha
viajassem para Dubai.
A
Justiça da República Islâmica já havia bloqueado as atividades de uma joalheria
e um restaurante do ex-atleta em Teerã no início do mês.
Daei
expressou apoio às manifestações provocadas pela morte, em 16 de setembro, de
Mahsa Amini, uma curda-iraniana de 22 anos, presa três dias antes por
supostamente usar o lenço islâmico de forma inadequada.
A
mídia oficial confirmou que a família de Daei foi proibida de deixar o Irã por
causa de sua "associação" com grupos antigovernamentais.
A
mulher e a filha de Daei embarcaram num avião da Mahan Air em Teerã, mas o
avião fez uma escala inesperada na ilha iraniana de Kish, onde as duas mulheres
foram obrigadas a descer da aeronave, informou o ex-atleta de 53 anos, citado
pela agência ISNA.
As
duas mulheres "não foram detidas", acrescentou Daei.
Mas
"ninguém me deu explicações sobre esse incidente. Não sei o que motivou
essa decisão. Minha esposa e filha iam passar alguns dias em Dubai",
acrescentou.
Segundo
a agência IRNA, a esposa de Daei havia prometido avisar à Justiça qualquer
plano de viagem ao exterior, "por causa de suas relações com grupos hostis
à revolução islâmica e causadores de distúrbios".
Em
outubro, o ex-atacante disse à AFP que a polícia havia confiscado seu
passaporte por alguns dias quando ele retornou ao Irã.
Ele
também denunciou ameaças sofridas por seu apoio às manifestações.
Em
27 de setembro, Ali Daei, apelidado de 'Shahriar' ("rei" em persa),
pediu às autoridades que "resolvessem os problemas do povo iraniano em vez
de recorrer à repressão, violência e prisões".
Daei
era o maior artilheiro da história do futebol masculino internacional até que
em setembro de 2021 o português Cristiano Ronaldo o ultrapassou nessa
estatística.
Ele
também foi o primeiro jogador iraniano a jogar na Europa, pelo clube alemão
Arminia Bielefeld, antes de ingressar no Bayern de Munique e depois no Hertha
Berlin.
O
ex-atleta se recusou a comparecer à recente Copa do Mundo no Catar, que contou
com a participação do Irã, devido à repressão aos protestos.
Comentários
Postar um comentário