A zebra de Gentil Cardoso fez farra e folia na Copa do Deserto
Correio Braziliense-reprodução |
Na
22ª Copa do Mundo, encerrada na semana passada (17-12-2022), o que mais se viu
foi zebra ‘pastando pelos gramados.’ Animal estranho ao deserto, o conhecido
quadrúpede figurativamente invadiu o Catar, procurando tomar o espaço do camelo.
Este, como se sabe, há séculos atravessa, nas mais diferentes direções, o longo
areal que domina aquela região. Mas a zebra chegou sem pedir licença e botou
pra quebrar. Vamos dar uma conferida nos estragos que a bichinha andou fazendo
no Mundial que os argentinos acabam de levantar:
Arábia
Saudita 2 x 1 Argentina
Coreia
do Sul 0 x 0 Uruguai
unísia
0 x 0 Dinamarca
Tunísia
1 x 0 França
Marrocos
0 x 0 Croácia
Marrocos
2 x 0 Bélgica
Japão
2 x 1 Alemanha
FORA
DA ROLETA – O mamífero
de pele listrada povoa o imaginário do torcedor brasileiro, mas já não está
restrita ao mundo do futebol. Espalhou-se por outras direções e faz parte do
linguajar do nosso povo para definir um plano repentinamente frustrado, por exemplo.
A
zebra pintou na área através de uma citação irônica do técnico Gentil Alves Cardoso,
recifense do bairro da Torre, que comandou vários times poderosos no País, tendo
atuado até em Portugal. Em Pernambuco foi
campeão pelo Sport (1955), Santa Cruz (1959) e Náutico (1960).
Em
1964, o Velho Marinheiro, um de seus vários epítetos, foi contratado pela modesta
Portuguesa Carioca. Como, por razões óbvias, seu time era considerado um mero participante
do campeonato e candidato a saco de pancadas no confronto com os papões Bangu,
Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, o experiente treinador, entrevistado por
uma rádio antes de um jogo contra os vascaínos, soltou a frase que se tornou
famosa:
–
Este ano vai dar zebra!
O
repórter e certamente os ouvintes ficaram zanzando com a resposta. Gentil tratou
de explicar. Fazia uma alusão ao tradicional jogo do bicho, permitido e jogado às claras em alguns Estados,
como Pernambuco, mas combatido principalmente no Centro-Sul. Nele ninguém aposta
na zebra, simplesmente porque o simpático equíneo não está na relação dos 25
animais em que o apostador joga.
A
sentença do Homem do Boné começou a criar raízes no país do futebol de
imediato. Naquele jogo, a alvinegra zebra incorporou o verde e o vermelho da
Portuga, como os cariocas tratam carinhosamente a equipe da Ilha do Governador,
e confirmou a previsão de Gentil ao derrotar o Vasco por 2 x 1.
A
zebrinha, como era tratada antigamente pelo consagrado locutor Leo Batista ao
anunciar os jogos do domingo na Rede Globo, chegou para se fixar de uma vez por
todas no vocabulário do torcedor.
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