PELÉ E MESSI

Por José Neves Cabral-jornalista

 



Enfim, Messi ganhou um título mundial. Aos 35 anos, na quinta tentativa. Merecidamente. O mundo da bola, no qual me incluo, festeja a conquista do argentino por tudo que representa para o futebol bem jogado. No estilo, ele é um sul-americano típico. Trata a bola com intimidade e respeito. No comportamento, é um europeu. Não se vê nele a catimba, a malícia, o fingimento, as “milongas” dos Hermanos.

 Acredito, porém, que estão exagerando, talvez pelo calor e a natural euforia do momento, ao compará-lo a Pelé. Em títulos importantes por clubes ele supera o nosso Rei. Mas basta dar uma rápida olhada na trajetória de ambos para que a verdade venha à tona, límpida, cristalina. Vamos a ela.

Messi começou jogando nos subúrbios argentinos, como tantos e tantos garotos de sua geração e mostrou-se logo um menino diferenciado, driblador nato, dono de pontaria acima, bem acima, da média. E naturalmente, foi descoberto por algum caça-talentos do Barcelona e levado para a Espanha. O resto todos sabemos. O Barcelona foi a moldura perfeita para o quadro Messi. Um clube vencedor que já formava uma geração brilhante, onde despontavam Xavi e Iniesta, maestros de uma inédita conquista de título mundial em 2010 pela Fúria. Título conquistado sem Messi, que não era espanhol. Somado a eles, no Barça, Messi potencializou seu futebol e mostrou ao mundo que é realmente um atleta diferenciado. Em postura e talento. Sua conquista pela Argentina é absolutamente justa. Mas Pelé é bem maior, talvez inalcançável para os mortais de agora e que surjam daqui pra frente. 

Pelé despontou no Bauru, foi levado para o Santos, um clube até então entre os coadjuvantes do futebol paulista. E transformou esse coadjuvante numa potência do futebol mundial em sua época. Daí a realeza de um jogador. O Santos passou a ser o Santos de Pelé e com ele conquistou um bicampeonato mundial, passando por cima dos mais tradicionais clubes europeus da época, Benfica e Milan. E num espaço de 12 anos levou a Seleção Brasileira a três títulos mundiais. Poderia chegar ao quarto, em 1974, mas não quis disputar aquela Copa. 

Pelé sobrou. Como jogador e como gênio. Antes de comparar Messi a Pelé, prefiro que comparem o nosso Rei a outro astro argentino, Maradona, pois sempre vi em ambos a centelha divina da genialidade. 

Vejo em Messi apenas um grandíssimo jogador, como Zico, que por azar do futebol, não conquistou um Mundial, ou os franceses Platini e, Zidane. Mas só para separar as coisas. Se também tinha, como Pelé, a centelha divina da genialidade, Maradona não tinha o profissionalismo e por isso perdeu-se numa vida conturbada fora dos gramados. Mas ali, no campo, ainda o considero melhor que Messi.



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