O PRIMEIRO DIA DE ZICO

 

Foto: Reprodução

Conta o jornalista e historiador Victor Kingma, de Minas Gerais, sobre ZICO, que acaba de completar 70 anos de idade:

 Corria o ano de 1967. Ao lado do radialista Celso Garcia, amigo de seus pais, que o tinha descoberto nos campinhos de pelada do subúrbio de Quintino, no Rio de Janeiro, entrava pelos portões da Gávea um garoto muito franzino, de 14 anos, para fazer testes no Flamengo.

Logo que chegaram ao vestiário, Modesto Bria, o técnico do infanto-juvenil, perguntou:
– Cadê o craque, do qual você tanto me falou?
Assim que Celso Garcia apontou para ele, o treinador, decepcionado, não queria deixá-lo treinar. Chegou a dizer que estava montando um time de futebol e não fundando um berçário. O radialista, então, argumentou:
– Olhe, Bria, vamos combinar um negócio: ele não veio aqui para lutar boxe, veio para jogar futebol e isto ele tem de sobra. Deixe-o trocar de roupa e no finalzinho do treino você o coloca um pouco, para suar e tomar banho.
Bria, a contragosto, concordou. Tímido e assustado, o garoto se dirigiu ao canto do vestiário onde estavam os outros meninos, bem maiores do que ele, se preparando para o treino. Então tirou a surrada bermuda. O calção vermelho e desbotado já estava por baixo. Calçou a velha chuteira e ficou esperando.

Com 30 minutos de treinamento, foi chamado. Na primeira bola que recebeu, esperou que o zagueirão encostasse e meteu a bola entre suas pernas. Na segunda, botou o ponta direita na cara do gol. Daí, e até o final do treino, foi uma sucessão de dribles, gols e jogadas desconcertantes.
Da arquibancada, um torcedor, como se estivesse prevendo o futuro de tantos defensores exclamava eufórico: – o russinho está acabando com a defesa deles.
Começava assim, naquela tarde de 1967, a carreira de Zico, o menino do subúrbio que se tornaria o melhor jogador e o maior ídolo da história do Flamengo.

 

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