PRESENTE DE JAMES THORP

             Gol na final de 1969 fez Rubem Salim ganhar um Fusca

 Milton Neves, da Band, Gena, Luciano e Salim: descontração no Arruda (Reprodução)


Lenivaldo Aragão



Bastante conhecido do torcedor pernambucano, o paulista de São José do Rio Preto Rubens dos Santos, o ex-meio-campista Rubem Salim, que acaba de nos deixar nesta terça-feira  28/3/2023, com 77 anos de idade a serem completados em 7/4/2023, inscreveu seu nome na galeria dos jogadores que ajudaram o Santa Cruz a aumentar seu arsenal de troféus. Vestiu a camisa tricolor, de 1968 a 1970, tendo participado do bicampeonato de 1969/70. O Santa tinha levantado a taça pela última vez em 1959. Portanto, em 1969 completaria o décimo ano de jejum.  Ao tornar-se campeão, sob o comando de Gradim, o Tricolor desbancava o hexacampeão Náutico e iniciava a série do seu pentacampeonato (1969 a 1973). O jovem Salim, que havia abandonado o grupo de rock do qual fazia parte para se dedicar ao futebol, iniciava, assim, em terra estranha, um novo ciclo de vida.

– Eu cheguei em 1968, quando o Santa Cruz realizava, com o presidente José Albuquerque, um trabalho de renovação. Vários jogadores estavam sendo promovidos do juvenil para o profissional – contou Salim, referindo-se à geração que tinha, entre outros, Fernando Santana, Luciano e seu irmão Paulo Veloso, Joel e Rivaldo (zagueiro).

Em 1970, quando o Santa foi bicampeão, o milionário James Thorp, que aportou no Arruda a convite de Aristófanes Andrade, adquiriu 11 carros novos, presenteando alguns jogadores não motorizados. Salim não estava nessa, pois já tinha sido beneficiado no ano anterior. Na primeira partida da melhor de três de 1969, o Santa Cruz derrotou o Sport, na Ilha do Retiro, por 3 x 0, dois gols de Fernando Santana e um de Rubem Salim.

– Na segunda-feira, Seu James me autorizou a escolher o carro que quisesse, na Meira Lins. Como eu não queria explorar, optei por um Fusca 68 – contou.

No time coral, o ponta-esquerda Nivaldo era o único a ter automóvel.

– Eu nem sabia dirigir e quem levou o carro para o Arruda foi um goleiro que a gente chamava de Caravelle – enfatizou o ex-craque.

NA RODA VIVA

Depois do Santa, Salim defendeu em Pernambuco, Náutico (pelo qual foi campeão da Taça Eraldo Gueiros em 1972), Sport (campeão pernambucano em 1975), América e Santo Amaro (vice-campeão da Taça de Bronze, o equivalente à atual Série C, 1981). Jogou também no Noroeste e no São Bento-SP, Fortaleza e Maguary-CE, CRB, Porto (Portugal) e Deportivo Itália (Venezuela).

Em 1986 assumiu o comando técnico do juvenil e do júnior do Santa Cruz, e em 1987, o técnico Abel Braga requisitou-o para ser seu assistente no elenco principal. No ano seguinte licenciou-se do Santa e seguiu com Abel para Portugal. A dupla levou da 2ª para a 1ª divisão portuguesa, o Famalicão (1988) e o Belenenses (1990), este como campeão.

Em 1994, Salim voltou a comandar os juniores tricolores, tendo dirigido a equipe coral na Taça São Paulo. Carlinhos, Biliu, Jacaré, João Carlos (goleiro), Maurício Pantera e Marcelinho eram nomes que estavam surgindo.  Desligou-se do clube em 2003, mas posteriormente voltou. Nunca esqueceu a prestimosa atuação do dirigente Rodolfo Aguiar nas divisões de base.

– Logo cedo ele estava na Ceasa comprando frutas e verduras para a meninada – enfatizou .

Rubem Salim, segundo agachado, à esquerda, no time do Futebol Clube do Porto

FAMÍLIA LIGADA AO DESPORTO

Quando jogava pelo Santa Cruz, Rubem Salim casou-se com a dentista Betinha, na época jogadora de basquete do Tricolor, juntamente com as irmãs  Cristina, morta prematuramente, Janete e Margareth. Família ligada ao esporte. Os três filhos de Salim e Betinha, Gabriela (logo cedo foi morar nos EUA), Janaína e Rubem Júnior (também tomou o rumo dos States)  penderam para o vôlei. Janaína pertenceu à seleção brasileira infanto-juvenil, e Rubem Júnior, conhecido por Cocão, só não foi contratado pelo Banespa, aos 13 anos, porque os pais não consentiram.

 

 

 

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