O Náutico em 1964: em pé, Gernan, Zequinha, Salomão, Lula Monstrinho, Clóvis e Coronel; agachados, Nado, Bita, China, Ivan e Rinaldo (Arquivo do Blog) |
Quando o adolescente paraibano Salomão Sales Couto deixou Pocinhos, para morar a 32 quilômetros, em Campina Grande, passou a ser tutelado por Buarque Gusmão. Figura de grande prestígio na Rainha da Borborema, Buarque tinha sido jogador do América do Recife e brilhara no futebol da Paraíba. Era hoteleiro, e juntamente com a mãe, dona Severina, tocava o Majestic Hotel, que acolhia as equipes de futebol que iam se apresentar na cidade.
O jovem Salomão chegou para se
integrar ao Campinense Clube, do qual Buarque era dirigente, com a recomendação
de seus pais de que os estudos estavam em primeiro lugar.
– Ele está indo para o Náutico.
Vai ser destaque no futebol de Pernambuco – disse-me Buarque, numa das minhas
viagens a Campina Grande, para cobrir o jogo de um time do Recife.
UM VOLANTE DO ESTILO CLÁSSICO
Pouco tempo depois, o técnico
argentino Alfredo Gonzalez, que comandou o Alvirrubro no primeiro ano do hexacampeonato
(1963) passou a contar com um craque de estilo refinado. Era um médio-volante à
antiga, tratando a bola com ternura e objetividade, sem ser trombador. Tinha
técnica apurada para carregar a bola até a entrada da área, colocando algum
companheiro em condições de finalizar, quando ele mesmo não soltava um petardo
fulminante em direção à barra do adversário.
Nado e Salomão no Vasco da Gama (Reprodução)
Logo caiu no gosto da torcida
e passou a ser conhecido nacionalmente. Salomão participou dos dois primeiros títulos
(63/64) e do quinto (67) da inesquecível conquista do Timbu. Nesse ínterim
defendeu o Santos da época Pelé e o Vasco da Gama. Fora de campo abraçou a medicina,
optando pela neurologia.
NASCIMENTO DO CT
Continuou ligado ao Náutico.
Junto com o odontólogo Ivan Brondi, com quem fazia a meia-cancha alvirrubra,
Salomão e Ivan, e outros da sua época, deu os primeiros passos para o
surgimento do que é hoje o Centro de Treinamento Wilson Campos, no bairro da Guabiraba,
na Zona Norte do Recife, à margem da BR 101, que leva a João Pessoa, por um
lado, e a Maceió, por outro.
Com Pelé, seu ex-companheiro no Santos (Reprodução)
DO CAMPO PARA A AMBULÂNCIA
No Náutico, no segundo
semestre de 1964, Salomão viveu um drama, quando teve que extrair um rim por
causa de uma grave lesão sofrida num jogo entre o Ceará e o Náutico, pela Taça
Brasil.
Nos Aflitos, o Timbu traçou o
Vovô por 3 x 0, mas perdeu o segundo jogo no Presidente Vargas por 1 x 0. A
terceira partida, ainda no PV, descambou para a violência, e Mauro, zagueiro do
Ceará, atingiu violentamente o volante adversário, que saiu do campo diretamente
para uma clínica, conduzido por uma ambulância. Os jogadores do Náutico ficaram
desnorteados, e o Ceará fez farra e folia, goleando a equipe pernambucana por 4
x 0.
Salomão não pôde viajar com a
delegação no dia seguinte, o que fez com que o médico Bráulio Pimentel
permanecesse em Fortaleza, acompanhando seu paciente importante. Ao regressar
ao Recife, o craque paraibano teve que extrair o rim que estava machucado. Muitos
achavam que Salomão não voltaria a jogar, mas o jogador reagiu e retornou aos
gramados.
Depois de idas e vindas,
Salomão e Mauro terminaram lado a lado na equipe alvirrubra que levantou o
pentacampeonato em 1967.
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