HISTÓRIAS DO MUNDO DA BOLA-Lenivaldo Aragão

 


 

Nico, bom de bola e ruim de idioma


 


No já longínquo Campeonato Pernambucano de 1963, com o Central ainda patinando no certame estadual, no qual entrara em 1961, chegou por lá Noélio, atacante com rápida passagem pelo  Sport. Em fim de carreira, começou a se preparar para virar empresário de futebol. Tinha muito conhecimento no Canadá, onde jogou. Esperava dar o pontapé usando seu prestígio entre os canadenses. A profissão não era massificada como hoje. Contava-se a dedo quem desempenhava a função. Que eu me lembre, tínhamos por aqui Hélio Pinto, dublê de jornalista e empresário, e Ita Francelino, que o auxiliava, além de Geraldo Samico. Noélio gostou do futebol de Nico, um ponta-esquerda arisco e driblador, que brilhava na equipe patativa, entortando os laterais encarregados de marcá-lo. Segundo Ypiranga Augusto, veterano cronista esportivo de Caruaru,  Nico tinha trabalhado em circo e levara para campo, a habilidade com que se exibia no picadeiro, com saltos mortais, piruetas e por aí vai. Tempos depois chegou até a passar algum tempo na Ilha do Retiro, mas não deu certo.

Noélio tratou de fazer uma relação, com os nomes de jogadores que poderiam ser negociados, Nico entre eles. Alguns ficaram animados, menos Nico, não obstante o argumento do candidato a empresário de que lá fora a grana seria muito mais robusta do que seu salário no Central.

Com o ponta cada vez mais resistente, Noélio espantou-se quando Nico justificou sua recusa, que nada tinha a ver com o frio de torar os ossos que faz no Canadá.

– Prefiro ficar por aqui mesmo. Eu nem falo pernambucano direito, como é que eu vou me virar no Canadá?

Foto: Arquivo

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