Uma formação do Náutico no tempo de Dedeu e Neneca. Em pé, Miguel, Pedro Omar, Sidcley, Djalma, Neneca e França; agachados, Dedeu, Juca Show, Jorge Mendonça, Vasconcelos e Lima (Arquivo do Blog) |
Dedeu e os sopapos casuais do goleiro Neneca
Campeonato Brasileiro, jogo Coritiba x Náutico, no Náutico no Couto Pereira, em Curitiba. O Timbu tinha um timaço, começando pelo goleiro Neneca e prosseguindo por Beliato, Sidcley, Pedro Omar, Juca Show, Vasconcelos, Jorge Mendonça, Lima etc. Sem falar no famoso Dedeu, um ponta-direita velocista e goleador. Era autor, de fato e na verve popular, de frases, as mais estropiadas possíveis, como a célebre “comigo ou sem migo”.
O Coritiba não ficava atrás.
Sua equipe era valiosa. E, empurrado pela torcida, partiu logo para o ataque,
cumprindo a obrigação de todos que jogam em seu campo. O Náutico resistia
bravamente, porém, não evitou que o primeiro tempo terminasse com a vitória
parcial do Coxa Branca por 1 x 0. Os paranaenses tinham uma dupla de ataque
poderosa, formada por Paquito e Tião Abatiá. Era a “dupla caipira”, que fazia
muitos estragos nas defesas que cruzavam seu caminho. Com o correr dos anos,
Paquito chegou a defender o Santa Cruz.
Na segunda fase, o Náutico
entrou logo apertando, levando o Coritiba a recuar. E quase até o fim da
partida, esta foi tônica, os pernambucanos forçando e os paranaenses se
segurando. Já perto do apito final, Dedeu recebeu uma bola, no capricho, e
fuzilou inapelavelmente, empatando o jogo. O placar de 1 x 1 permaneceu até o
juiz dar o encontro por encerrado.
Antes do encerramento, Tião
Abatiá achou de soltar uma gracinha para Neneca, paranaense, que havia começado
sua carreira no time de sua cidade natal,
o Londrina. O homenzarrão Neneca, de 1,83m, não gostou e reagiu.
Formou-se um grosso sururu. Neneca, com seu físico avantajado, batia em
qualquer jogador do Coxa que se aproximasse.
Deu trabalho, mas os ânimos
foram acalmados. O Náutico ficou reduzido a dez homens porque depois das
bordoadas que havia distribuído, Neneca pegou a reta, rumo ao vestiário, ao ver
o árbitro levantar o cartão vermelho à sua frente. Como já tinha feito as
substituições a que tinha direito, o técnico Orlando Fantoni foi obrigado a tirar
um atacante para poder acionar Luís Fernando, o reserva de Neneca.
Terminado o jogo, o clima já
era de paz, pois geralmente briga de futebol começa e termina lá dentro. Um
repórter de rádio tratou de entrevistar Dedeu, que, além de ter empatado o
jogo, realizara uma grande exibição. E o ponta-direita baiano, falando no seu
linguajar engraçado, dizia estar feliz pelo empate obtido longe dos Aflitos,
ainda mais por ter assinalado o gol de seu time.
O repórter abordou a brabeza
do londrinense Neneca, e Dedeu nem esperou que o entrevistador terminasse a
pergunta. Foi logo atravessando o samba, em defesa do companheiro:
– Neneca é um cara muito
legal. Aquilo que aconteceu com ele foi casual...
Ou seja, o goleirão saiu
distribuindo sopapos a torto e a direito por mera casualidade.
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