A forra de Luís Cavalcante e Renato Silva nos gaúchos do hotel
Campeonato Brasileiro de Seleções de
1956. Pela primeira vez Pernambuco chegou ao quadrangular final, com São Paulo,
Rio e Minas, depois de botar o Rio Grande do Sul pra andar. Paradoxalmente, o jogador mais perigoso entre os pernambucanos
era um gaúcho, Naninho. Já a equipe dos
Pampas, tinha o pernambucano Bodinho, como seu homem-gol. Revelado pelo Íbis, Bodinho
logo se transferiu para o Maranhão, onde foi descoberto pelo Flamengo. Terminou
virando um dos maiores ídolos do Internacional em todos os tempos.
Primeiro jogo no Recife. Vitória de
Pernambuco por 2 x 1. Sabia-se que em Porto Alegre, no velho Estádio dos
Eucaliptos, a gauchada iria a campo com uma insaciável sede de vingança. Foi
mais do que isso. Houve um massacre. Pernambuco não viu a cor da bola e levou
uma tunda de 5 x 1. Teria que ser realizada a terceira partida, a negra, como
se chamava, no mesmo local, 48 horas depois.
Em Porto Alegre ninguém acreditava
noutro resultado, a não ser mais uma goleada
do time deles. Os narradores Luís Cavalcante (baiano, da Rádio Olinda) e Renato
Silva (paulista, da Rádio Jornal do Commercio), dividiam um quarto de hotel. Ao
sair para o estádio, os dois foram intensamente gozados por porteiro, garçom,
servente e por aí vai. Diziam-lhes que levassem um saco para trazê-lo cheio de
gols.
O jogo foi dramático, teve uma
interrupção, mas chegou ao fim. Vitória épica de Pernambuco por 2 x 1, com esse
time, dirigido pelo lendário Palmeira (José Mariano Carneiro Pessoa): Aníbal
(Santa Cruz), Caiçara (Náutico) e Lula (Nau); Zequinha (San), Mirim (Sport) e
Nenzinho (Nau); Traçaia (Spo), Naninho (Spo), Gringo (Spo), Rubinho (San) e
Zeca (San). Gols de Zequinha e Traçaia.
Quando voltaram para o hotel,
dispostos a devolver as provocações, Luís e Renato não encontraram vivalma.
Todos tinham sumido. Com fome foram até o bar da Casa. Não havia ninguém para
despachar. Abriram a geladeira, que estava apinhada de cerveja. Descobriram um
recipiente repleto de sanduíches. Era só o que eles queriam. Saciaram a sede e
a fome. Foram até altas horas, comemorando o triunfo sensacional. Farra
encerrada, já sonolentos, quiseram pagar
a conta, mas a quem? Todos haviam
corrido, receando a vingança da dupla. Assim, sem querer, a dupla de Pernambuco
foi à forra sobre os gaúchos na base do 0800. E consideraram-se vingados das gozações da turma
do hotel.
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