Uma das formações do América em 1944 |
Leça; Deusdeth e Lucas; Pedrinho,
Capuco e Astrogildo; Zezinho, Julinho, Djalma, Edgar e Oséas – a foto destes 11 heróis ainda ocupa
um lugar de honra na sede do América Futebol Clube, na Estrada do Arraial,
bairro de Casa Amarela, no Recife. Refere-se à sexta e última conquista do
título de campeão pernambucano da Primeira Divisão, no longínquo ano de 1944 pelo Alviverde, que já foi poderoso nos
gramados do Estado. As façanhas anteriores foram obtidas em 1918, 19, 21, 22 e
O
América sempre teve gente de destaque em sua direção, como o comendador Arthur
Lundgren, proprietário da Fábrica de Tecidos Paulista e fundador das Casas
Pernambucanas. Também reunia famílias, a exemplo dos Moreira, Cabral de Melo,
Loyo, Tasso etc.
Fundado
em 12 de abril de 1914, o Periquito acaba de completar 110 anos. Ao contrário
da época do apogeu, quando a sociedade esportiva participava de uma suntuosa
festa, o aniversário do Alviverde passou despercebido.
Atualmente,
praticamente não existe mais testemunha da última, conquista. Naquele ano, o
América levantou um turno, e o Náutico, dois. Houve um jogo extra, vencido pelos
americanos por 3 x 2. Veio uma melhor de três, que se transformou em melhor de
duas. Nos Aflitos, no dia 9/2/1945 – era comum o campeonato passar de um ano
para outro – vitória do América por 2 x 0, gols de Valdeque e Oséas. Na Ilha do
Retiro, em 18/2/1945, outra vitória do América, por 3 x 0 – Oséas (2) e Zezinho
– e a volta olímpica.
No
jogo final, a formação do campeão difere daquela da foto existente na
sede, apenas pela presença de Valdeque em vez de Djalma. O técnico era o
gaúcho Álvaro Barbosa, que em pleno campeonato foi obrigado a fazer uma
improvisação. O lateral-esquerdo Rubens, carioca, teve que regressar ao Rio de
Janeiro para prestar serviço militar. Sem outro jogador para a posição, o
treinador improvisou o ponta-direita Astrogildo. Deu certo. Tanto que Astró,
como era conhecido na intimidade do futebol, permaneceu na lateral esquerda até
encerrar sua carreira.
Acusação injusta
Daquela
disputa com o Náutico ficou a triste lembrança do brusco afastamento do lateral
Natal no dia do primeiro jogo. Em seu lugar entrou Deusdeth. A medida foi
tomada pelo diretor de futebol, Rubem Moreira, mais tarde presidente da
Federação, durante 27 anos ininterruptos, e irmão do presidente do clube, na
ocasião, José Augusto Moreira. A notícia de que Natal tinha sido dispensado, de
repente, logo espalhou-se, com uma versão que varou o Recife numa velocidade de
raio: suborno.
Foi essa ‘verdade’ que durante muitos anos prevaleceu. Todavia, numa entrevista
ao autor desta reportagem, em agosto de 1977, portanto, 33 anos depois do
incidente, o goleiro Leça, que acompanhou o caso de perto, restabeleceu a
verdade.
– O que
aconteceu é que Natal era muito mulherengo e no dia do primeiro jogo, um
domingo, o centromédio Capuco acordou antes das cinco horas, como de costume,
para apanhar mangas, pois havia várias mangueiras na concentração. Quando
acordei já vi Capuco
Quase Penta
Fundado
como João de Barros, por ter surgido na avenida do mesmo nome, mudou para
América por sugestão do desportista Belfort Duarte, um maranhense residente no
Rio e ligado ao América de lá. Ele esteve em visita ao Recife, em 1915. Em 22
de agosto daquele ano, portanto, o João de Barros passou a se chamar América. Chegou
até a adotar o vermelho de seu homônimo carioca. Depois de dois campeonatos voltou ao verde original.
O América esteve perto de se tornar
pentacampeão muitos anos antes do Náutico (1963-67), Santa Cruz (1969-73) e
Sport (1996- 2000). Era decantado como o melhor time do Recife. Sagrou-se
bicampeão em 1918/19, mas em 1920 afastou-se do campeonato em plena disputa por
causa de uma polêmica. Depois de derrotar Sport e Náutico por 2 x 1, perdeu
para o Santa Cruz pelo mesmo placar. Com queixas da arbitragem abandonou o
certame, que foi levantado pelo Sport. No ano seguinte, voltou à competição,
tornando-se mais uma vez bicampeão, em 1921/22. A dedução é que na marcha em que
ia, ganharia o título também em 1920.
Outro afastamento foi em 1959. Até então, considerado um clube
grande – seu encontro com o Náutico era chamado de O Clássico da Técnica e da
Disciplina –, o América tinha começado a entrar
Uma das páginas inesquecíveis do
América foi escrita em 3/6/1956, com a goleada de 6 x 3 aplicada no Santa Cruz,
na Ilha do Retiro. O goleiro tricolor era nada mais, nada menos que Barbosa,
vice-campeão mundial em 1950.
Hoje, o América, que durante muito
tempo ocupou um campo existente no bairro da Jaqueira, mas jamais quis
apropriar-se dele definitivamente, peregrina pela Segunda Divisão estadual, sem
um pouso certo. Muitos atribuem à falta de um campo próprio um dos motivos do
declínio esmeraldino.
Andou
peregrinando por várias cidades, como Jaboatão dos Guararapes e Vicência, e por
enquanto ocupa o velho reduto, na Estrada do Arraial, onde está localizada sua
sede, construída na administração do presidente Zezé Moreira, como era conhecido
o irmão de Rubem Moreira. Outro Moreira, João, também presidiu o clube.
Comentários
Postar um comentário