Castilho entre Barbosa e Gylmar, todos da Seleção Brasileira (Reprodução) |
Faça o que mando, e não o que eu faço.
Batista; Baixa, Bibiu, Moisés e Altair;
Jair, Luís Rodrigo e César; Gijo, Duda e
Fernando Lima. Era esta a formação do Sport numa viagem ao Norte do
Brasil, em 1970, sob o comando de Carlos Castilho, para enfrentar a Tuna Luso,
em Belém, e o Fast Club, em Manaus, pelo antigo Torneio Norte-Nordeste. O Leão
não se deu bem: 0 x 0 na capital do Pará e 0 x 3 no Amazonas.
A maior atração daquela delegação era
Castilho (na foto entre Barbosa e Gylmar). Tinha sido goleiro do Fluminense por
um longo período, idem da Seleção Brasileira. Participou, ora como reserva, ora
como titular, de quatro Copas do Mundo: 1950, 1954, 1958, 1962.
Era gente de fino trato e de boa
conversa quando o assunto era futebol, mas muito nervoso. Mostrava-se bastante
rígido no que se relaciona à disciplina.
Ao descer em Belém, os jogadores
receberam panfletos convidando-os a viver a noite em locais sedutores, como as
boates Condor, à margem do Rio Guamá, e Vanja, no Centro. No hotel, Castilho
mandou que seus atletas jogassem “aquela porcaria” fora, referindo-se à
propaganda notívaga. E fez as recomendações de praxe. Que se cuidassem porque
tinham jogo e não deveriam dar bobeira.
Avisou que depois do jantar a turma
teria algumas horas livres, mas nem queria sonhar que alguém tivesse tomado o
caminho da zona. Para fazer valer sua ordem, ameaçou o pessoal com uma multa de
30 por cento em cima do salário. Com tanto tempo de janela, o treinador sabia
qual era, naquela época, o destino de muito jogador em viagem, quando havia uma
folguinha.
Mais tarde, Jairo Touro, um dos
reservas do Sport, que não era boa bisca, estava no hall do hotel, quando viu
Castilho sair num táxi em companhia de dois radialistas, um deles, Audir Frazão
Doudemant, um piauiense que marcou época como
narrador em Pernambuco, com um jeitão muito peculiar de narrar jogos:
“Rádio é Olinda. E o resto,,,é resto!”
Jairo Touro pegou no ar qual seria o
destino do trio. Logo resolveu dar uma saída também. Juntou-se ao zagueiro
Bibiu, ao lateral Altair e a outras ‘boas peças’ da equipe e seguiu para a área
das mulheres perdidas, como se dizia antigamente.
Não precisaram andar muito para se deparar com
Castilho, numa mesa, junto dos radialistas. Não se sabe se o técnico estava ali
se divertindo ou apenas jogando conversa fora. Ou mesmo de plantão para dar
algum flagra. O certo é que ao avistá-los, Castilho levantou-se bruscamente,
sem dar uma palavra, tomando o caminho do hotel.
A verdade que logo se espalhou na
delegação foi que o treinador rubro-negro havia colocado em prática a lei do
“faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço.”
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