No carteado, o jovem goleiro tinha até um assessor financeiro
O consagrado radialista Walter Spencer, nascido em
Bezerros, no Agreste pernambucano, ainda vivia o início de sua brilhante
carreira no rádio, onde se destacou. Era narrador, mas desempenhou muitas outras
funções diante do microfone, tanto no Interior – Garanhuns e Caruaru – como na
Capital, principalmente nas Rádios Clube e Jornal.
Numa viagem do Sport ao Rio Grande do Norte, o então jovem “locutor
esportivo” estava presente para narrar os dois jogos do Leão, sábado e domingo,
contra América e ABC, respectivamente, para a Rádio Clube de Pernambuco.
Entre os jogadores da equipe rubro-negra se encontrava o
igualmente iniciante goleiro Manga, cujos irmãos Manguito, Alemão e Dedé
seguiriam seus passos, todos vestindo, no começo da carreira, a camisa rubro-negra.
Saído do juvenil do Sport, Manga, que antes de chegar à
Ilha era sensação no Arco-Íris, dos
Coelhos, no central bairro recifense da Boa Vista, subiu para o profissional
com moral, uma vez que em 1954 havia sido campeão juvenil sem ter levado um só
gol.
No hotel, sem nada para fazer, uma turma mergulhou no
carteado, correndo dinheiro. Manga gostava da coisa e pegou um lugar na mesa.
Só que no meio de algumas lobas, como o centromédio Mirim, o jovem goleiro
ficava meio atarantado na hora de contar as notas. Com o pessoal pedindo pressa,
estava sempre se atrapalhando. Por precaução, resolveu o problema, pedindo a
ajuda de Spencer.
– Manga não conhecia patavina de dinheiro. E eu passei a pagar
e receber por ele – recorda o ex-assessor financeiro do goleirão.
O locutor esportivo deu conta do recado direitinho, para a
tranquilidade do goleiro.
Quanto a Manga, que aos 87 anos vive na Casa dos Artistas,
no Rio de Janeiro, foi um assíduo frequentador de cassinos, principalmente quando
defendia o Nacional do Uruguai, país onde o chamado jogo de azar é liberado.
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