Futebol Pernambucano

 



 

A TURMA DO CONTRA


 

CLAUDEMIR GOMES

 


“O eleitor do Recife é a favor do contra"


 


O autor da frase é o Coronel Chico Heráclio, lendário chefe político de Limoeiro e região. Pois bem! Nos dias de hoje ela cai como uma luva para definir grupos de pessoas que se opõem às mudanças em curso no futebol. As imposições do novo tempo enterram, de uma vez por todas, a filosofia de capitanias hereditárias que, por décadas marcou gestões de clubes centenários como Náutico, Santa Cruz e Sport. Apesar da agenda cheia de jogos dos clubes pernambucanos, neste final de semana, no Campeonato Brasileiro – Séries A, C e D – o assunto mais comentado no dia de ontem (sexta-feira – 25/04/2025), foi uma nota distribuída nos veículos de comunicação da Capital Pernambucana com o título: O GRANDE GOLPE – Denúncia sobre SAF.

Embora na apresentação do “documento” – Nota de Desportistas – ser visível os escudos dos três grandes clubes recifenses – Sport, Náutico e Santa Cruz – todos com projetos de SAF em curso, é notório que foi elaborado em computador rubro-negro, e por mãos rubro-negras. Algumas vírgulas tentam colocar Náutico e Santa Cruz num BO que tem DNA do Sport. A nota busca um sentido coletivo, foi assinada por um monte de gente, muito mais para atender a um pedido de amigo, do que pela preocupação pessoal, individual de cada um em relação ao futuro do Sport.

O ranço político transborda nas entrelinhas. O futebol virou um grande negócio e isto não afeta apenas aos pernambucanos, Náutico, Sport e Santa Cruz. É um efeito da internacionalização. Acabou o tempo dos cardeais que davam as cartas nas eleições dos clubes. A nota faz alusão até às manobras que aconteceram nas eleições do Sport. Ora, estamos falando de clubes centenários.

Nos últimos 50 anos, as eleições, nos três grandes clubes recifenses, que não tiveram manobras sombrias, foram porque tinham candidato único. Quando as disputas foram parelhas, aconteceu até o milagre da ressurreição dos mortos. Isto não é regra, mas foi prática. Vale salientar que, em qualquer lugar do planeta terra, nos intramuros do poder não existe saneamento, fato que expõe muitas poças de lama. Em toda briga por poder existe o jogo sujo, até no conclave do Vaticano para escolher o novo papa.

Sempre defendi mais transparência na implantação das SAFs. Até porque, os presidentes de plantão não escondem o desejo de se tornarem CEO da SAF de seus respectivos clubes. A Sociedade Anônima do Futebol é um negócio lucrativo. Pra quem ninguém sabe. O boato na praça é de que o novo modelo de gestão é a única rota de fuga dos clubes para se livrarem da falência. Há controvérsias, evidentemente. As cláusulas de confidencialidade são o Q da questão. Ninguém sabe se são danosas, ou boas para os clubes. Afinal, “segredo é pra quatro paredes”, como cantou a diva do rádio, Dalva de Oliveira. É notório que, o presidente do Sport, Yuri Romão, e os seus pares, não entendem bulhufas de futebol. São incompetentes até na administração dos BOs que ocorrem nos bastidores, mas têm expertises no mundo dos negócios. Interpretação de texto é um dos maiores desafios da língua portuguesa. A nota publicada pelo coletivo denominado “Desportistas”, pode ser interpretada como um grito de alerta; revanchismo político; dor de cotovelo...

O documento abre o leque para inúmeras possibilidades. Mais difícil do que interpretar o texto é entender algumas assinaturas. Pelos amigos, tudo! Até ser a favor do contra. O tempo dirá se a nota, que foi assinada até pelo assessor de imprensa, se transformará numa super onda, daquelas que assustam surfistas mares de Nazaré, em Portugal, ou se desmanchará na areia como uma reles marola. Coisas do futebol.

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