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Reprodução Agência Brasil |
O VERMELHO DA VERGONHA
CLAUDEMIR GOMES
“Qual a cor do cavalo branco de São Jorge?” A resposta está embutida na pergunta, mas a indagação sempre foi feita para observar se a pessoa tinha raciocínio rápido; se estava focada na sabatina... Apesar da clareza do óbvio, havia sempre alguém que escorregava na brincadeira de criança. No Brasil brasileiro, terra do futebol, samba e pandeiro, ninguém, do Oiapoque ao Chuí, mas ninguém mesmo, é capaz de errar as cores dos uniformes da Seleção Brasileira: amarelo e azul. Pois bem!
Algum marqueteiro dormiu com a bunda pra lua, acordou com o fiofó virado e bradou para um bando de idiotas: “Vamos trocar a cor do segundo uniforme da Seleção Brasileira. Sai o azul e entra o vermelho!”. Seus pares, um bando de idiotas, num coro uníssono aplaudiu. Apesar do sol escaldante, o som dos trovões foi assustador. Fenômeno sobrenatural. Descobriu-se que os estrondos foram oriundos dos sopapos dados por Pelé, Garrincha, Nilton Santos, Vavá..., e outros deuses do futebol em seus respectivos túmulos. Ao testemunhar aquele protesto que quebrou o silêncio do além, o mestre Nelson Rodrigues lembrou sua profecia: “Os idiotas ainda vão tomar conta do mundo. Eles são muitos”. Se cá estivesse entre nós, o mestre Adonias de Moura seria taxativo na sua coluna – Dentro e Fora das Quatro Linhas: “Isto é a avacalhação da guerra”.
Confesso que, ao tomar conhecimento do deboche, que chega à praça escudado no mote do “futebol é negócio”, fiquei roxo de raiva. Consultei amigos, pesquisei em jornais, sites, blogs... nenhum formador de opinião abraçou tal idiotice. Lembrei que, ao ler o bom artigo do amigo, Alfredo Bertini, na Folha de Pernambuco, ele ressaltava o histórico alerta: “No creo em brujas, pero que las hay, las hay”. Numa rápida conversa cá com meus botões, deduzi que isso só podia ser catimbó.
De imediato
liguei para Bernardino Magalhães, meu guru para assuntos de umbanda. Do alto do
seu conhecimento o Berna explicou: “A Seleção continua com o amarelo de Oxum.
Está trocando o azul de Ogum pelo vermelho de Xangô. Ogum é um orixá guerreiro,
representa força, coragem e justiça, marcas da conquista do primeiro título que
o Brasil decidiu com a camisa azul. A troca não deixa de ser um insulto”,
comentou o místico sertanejo. O disparate é tão grande que, o festival de memes
superou todos os outros que aconteceram até então. É a força do futebol. Bom!
Xangô é o orixá da justiça. Certamente ele não vai deixar que se cometa esse crime
com a Seleção Brasileira
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Reprodução O Globo |
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