MUNDO DA BOLA-Lenivaldo Aragão

Nivaldo: gol a jato (Arquivo do Blog)


 

Os incríveis gols do alvirrubro Nivaldo e do tricolor Célio


Célio: o gol da virada (Reprodução)



 

Dia do Boleiro no Cabo de Santo Agostinho. Como sempre, muitos veteranos que tocam a festa que se realiza a cada fim de semana. Entre eles estavam Ramon, Nivaldo (ex-lateral), Pedrinho (o carioca Pedro Cruz, ex-goleiro), Luiz Neto (o Paredão),  Lourival (o segundo a ter realizado mais jogos pelo Náutico, depois de Kuki). E por aí vai.

O evento a que me refiro, foi realizado em 2023. Dois ex-jogadores chamaram a atenção dos torcedores que foram ao estádio, os atacantes Nivaldo (Náutico) e Célio (Santa Cruz). Cada um deles marcou um gol inesperado, daqueles que jamais sairão da história, enquanto se falar de futebol.  Vamos por parte, começando por Nivaldo.

GOL EM SEGUNDOS – Estádio dos Aflitos, 18 de outubro de 1989. O Náutico recebeu o Atlético Mineiro pelo Campeonato Brasileiro, a quem derrotou por 3 x 2. Na época, o Alvirrubro era dirigido por Paulo Cesar Carpeggiani, que havia recebido o bastão de Charles Muniz, preparador físico, que vinha quebrando o galho como técnico do Timbu, depois da saída de Roberto Oliveira. Era o segundo jogo do gaúcho Carpeggiani à frente do seu novo time.

O pernambucano de Catende NIVALDO Soares de Oliveira Filho, hoje um evangélico que não se esquece de levar a sua Bíblia aonde for, tem o maior prazer em repetir a célebre  jogada, quando alguém puxa pelo assunto.

– Foi logo no comecinho do jogo, aos oito segundos. Já estava acostumado a jogar com Augusto, no Paulistano. A saída foi do Náutico e em vez de dar a bola para trás, ele fez um giro e tocou pra frente. Entrei na velocidade, surpreendendo a defesa deles e finalizei. Bola na rede. Até agora, depois de tantos anos (no momento em que conto a história são 35), a marca ainda é minha – dizia, orgulhoso, naquela movimentada manhã de sábado, no Cabo.  Quando por qualquer motivo chega aos Aflitos, o ex-craque é bastante festejado pela timbuzada. Isso acontece também em sua terra natal, onde mora, e noutros lugares por onde anda passa.

Também em 1989, algum tempo antes do gol inesperado, Nivaldo tinha sido  campeão pernambucano ainda sob o comando de Charles Muniz.

A VIRADA DO SANTA EM 1993

Muito torcedor do Santa Cruz ainda se  emociona ao recordar a inesquecível virada do Santa Cruz na decisão do Campeonato Pernambucano de 1993. O povo do Náutico já comemorava a conquista do título, quando, inesperadamente, a Cobra Coral mudou tudo. Uma multidão de tricolores que havia deixado o Mundão do Arruda, frustrada, retornou ao estádio, espalhando sorriso e vibração.

Foi no dia 28 de julho de 1993. No Arruda, 71.243 espectadores. Campeonato em dois turnos, cada equipe havia levantado um. O Náutico tinha vencido a primeira partida final por 1 x 0. Na segunda só precisava empatar.

O preparador físico Charles Muniz, exercia novamente a função de técnico provisório, agora no Santa, que dispensara o titular Cláudio Garcia. O Tricolor aos 30 minutos do primeiro tempo teve o centroavante Washington expulso. Logo depois, Náutico 1 x 0, gol de Paulo Leme.

Na segunda fase, a torcida do Timbu já comemorava a conquista, quando aos 38, Fernando, o eterno presidente do Vera Cruz de Vitória de Santo Antão, empatou. Mas a timbuzada continuou festejando, pois o empate favorecia seu time. Aos 45, o lateral Araújo para se livrar da bola, deu um chutão lá para frente. A pelota caiu na defesa do Náutico, a meia altura. O zagueiro Parreira abaixou-se e cabeceou. Bola nos pés do atacante tricolor Célio, que pensou em acionar algum dos companheiros que vinham chegando. Porém, numa fração de segundos, resolveu chutar. Bola na rede e explosão da torcida tricolor. Veio a prorrogação e o 0 x 0 nos 30 minutos deu o título ao Santa.

– Fiquei na dúvida alguns instantes. Tive medo de fazer um passe, de a bola sair errada e a defesa cortar. Arrisquei o chute e deu certo – recorda Célio, sergipano de Propriá, lembrando da angústia que foi suportar a reação do Náutico e segurar o empate na prorrogação, que agora tornava o Santinha campeão.

– Araújo era lateral, mas estava jogando como zagueiro central. Perguntei a ele, depois do jogo, como havia resolvido dar aquele chutão. Ele disse que quando a bola chegou ao seu pé, antes de haver qualquer problema,  meteu o pé, gritando vai pra PQP.

E do chutão saiu o gol do título, recorda Charles, que esteve presente, como treinador.

Realmente, dois gols fora de propósito!

 

 

 

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