AS DIFICULDADES DO NÁUTICO

 

Agora, o Timbu enfrentará Ponte e Guarani fora de casa (Reprodução)





CLAUDEMIR GOMES



Por mais substancial que venha ser, no futebol, uma vantagem não pode ser analisada como uma sentença. Isto posto, asseguro aos amigos alvirrubros que, pelo conhecimento que tenho do profissional Hélio dos Anjos, jamais o seu “exército” deitará as armas. Isto não é do feitio, nem da personalidade, nem do caráter do comandante. Numa rápida olhada na tabela de classificação da Série C, observamos que a Ponte Preta, após contabilizar três vitórias nos jogos de ida, chegou a nove pontos ganhos, selou a confiança que qualquer grupo necessita para alcançar a meta perseguida, e terá como suporte o valoroso respaldo da torcida. Medir forças com a Ponte Preta no Estádio Moisés Lucarelli, nunca foi tarefa fácil para nenhum clube pernambucano. O desafio do Náutico neste sábado (27) ganha uma proporção gigantesca porque uma vitória, ou mesmo um empate, leva a Macaca a atingir o grande objetivo da temporada, que é o acesso para disputar a Série B no próximo ano.

Ao vencer o primeiro jogo na casa do adversário (1x0 sobre o Brusque), o Náutico nos repassou a falsa impressão de que voaria em Céu de Brigadeiro neste quadrangular que levará dois clubes a celebrar o acesso. Mas o time amofinou e amargou duas derrotas, para Guarani e Ponte Preta, que no momento, ocupam as duas primeiros posições na tabela de classificação. A combinação dos resultados levou o alvirrubro pernambucano a uma indesejada dependência. Doravante, para brindar o acesso, o Clube da Rosa e Silva, além de vencer seus jogos, torcerá por tropeço de terceiros em partida onde não estará envolvido. Desde o início da temporada que os bastidores do clube estiveram agitados. Os atuais gestores têm uma rejeição muito grande dos sócios, embora não haja uma oposição forte, atuante, efetiva. Com a chegada do técnico Hélio dos Anjos muita coisa foi equacionada, mas a solução de outros problemas foge da sua competência.

Quando o time se classificou para disputar o quadrangular decisivo no Grupo C, ao lado do Guarani, Ponte Preta e Brusque, se chegou a falar numa fumaça branca de paz na chaminé dos Aflitos. A inesperada derrota para o Guarani levou tudo de volta ao estado de origem, com a mesma temperatura e pressão. Os desencontros dos bastidores refletem-se no campo. Por maior que venham a ser os esforços no sentido de evitar que os ruídos de fora alcancem os vestiários, sabemos que os ouvidos das paredes estão sempre abertos. Hélio dos Anjos é um bom motivador de grupo, mas não opera milagres. Sua missão é levantar o moral da tropa para buscar a segunda vitória, resultado que manterá o Náutico vivo na briga pelo acesso. O momento é de velar as armas.

Em paralelo aos interesses dos clubes, existem os propósitos das federações. A Federação Paulista, por razões óbvias, uma das mais fortes, politicamente, do futebol brasileiro, defende seus interesses de ter, no próximo ano, mais três representantes na Série B: Ponte Preta, Guarani e São Bernardo. Possibilidade por demais clara. A Federação Pernambucana há muito vem perdendo prestígio e posições no ranking da CBF. Tal realidade torna a missão do Náutico ainda mais hercúlea.

 

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