Futebol Brasileiro

 

José Joaquim Pinto de Azevedo, com o saudoso Carlos Alberto de Oliveira, quando era diretor da FPF (Reprodução Diário de Pernambuco)

MUDANÇAS NO CALENDÁRIO



Por CLAUDEMIR GOMES



O mestre, José Joaquim Pinto de Azevedo, há mais de dez anos dá gritos de alerta sobre a necessidade de mudanças no calendário do futebol brasileiro. A criação desenfreada de competições provocou um inchaço, e o “monstro”, que assombra a todos, se tornou desumano, um desafio para a medicina, e o pior, não cabe mais no calendário gregoriano, onde um ano é composto por 365 dias. A CBF anunciou mudanças que serão implantadas no calendário nacional a partir da próxima temporada. Subtraiu datas dos falidos campeonatos estaduais, transformando-os em meros torneios; diminuiu os espaços das competições regionais e aumentou o número de participantes na Copa do Brasil, cuja forma de disputa foi alterada. Tudo chega definido e não adiantam reclamações, choros nem lágrimas. Cumpra-se!

Para entender o processo de mudança é necessário se conscientizar de que, o futebol internacionalizou-se e segue uma escala de importância: Na primeira prateleira estão as competições da FIFA; na segunda as disputas continentais; na terceira as nacionais; na quarta as regionais, e assim sucessivamente.

A mudança de cenário pode parecer abrupta, mas segue a velocidade da nova ordem imposta pela internet, que derrubou barreiras e tornou o mundo plano com as novas tecnologias. As mudanças de hábitos e conceitos também impactaram no esporte mais popular do planeta, o que era bastante previsível de acontecer. Os que querem seguir presos ao passado irão dizer que, na década de 80, no Século XX, o Campeonato Pernambucano era disputado em três turnos com jogos de ida e volta cada um. O mundo gira com as mudanças, e o futebol segue essa lei imutável na história. Apesar das transformações, tudo se adapta. Evidente que algumas coisas não cabem em novos cenários, onde os valores são outros. O Q da questão é dispensar atenção para a base. Trabalhar com as raízes é o mesmo que executar obras de saneamento, ninguém vê, por isso não recebe atenção, nem o valor devido. Há muito o futebol pernambucano precisa de pensadores. Vez por outra a FPF faz um jogo de cena, convida profissionais da imprensa para opinar sobre a forma de disputa do Estadual. No final dos encontros apresenta um prato feito e diz que tudo é imposto pela CBF. Um Estadual tem que envolver equipes de todo o Estado. Tem que ter princípio, meio e fim. Regionaliza, faz a seleção e a reta final ocupa as dez datas definidas pela CBF. Assim se tem um lençol que cobre o corpo da cabeça aos pés. É preciso resgatar a rivalidade existente entre as cidades, não através dessa competição mequetrefe entre seleções, como acontece no momento, que serve apenas para fidelizar Ligas a um processo imoral de uma política que eterniza presidentes em federações e outras entidades. Encontrar jardineiros que cuidem das raízes não é fácil, mas todos querem tirar fotos com as flores. Bom! As mudanças foram apresentadas. Quem parou para fazer uma análise deve ter se frustrado, mas elas tentam adaptar o futebol brasileiro a uma realidade internacional. Daqui pra frente a pisada é essa!

 

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