MUNDO DA BOLA-Lenivaldo Aragão

(Foto: Arquivo Coral)

Fontana (Terceiro Tempo)


A brabeza de Fernando Santana e a malvadeza do zagueiro Fontana



 

Essa história foi contada por Fernando Santana, atacante pentacampeão pelo Santa Cruz (1969-73) e campeão pelo Náutico (1974), portanto, hexacampeão pernambucano, mesmo que em duas correntes diferentes, no seu site www.fernandosantana.com.br:

 Santa Cruz contra o Cruzeiro de: Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Natal, Raul (o goleiro), e a defesa dos temidos xerifes Brito e Fontana. Ou seja, uma partida que eu ansiava em mostrar todo o meu futebol.

 

Durante o jogo escutei quando Brito disse:

- Fontana, não adianta dar porrada no 8 (Fernando Santana), ele é muito rápido e inteligente. Pega o 9.

Fontana responde:

- Vou achá-lo, pois me disseram no Hotel São Domingos que ele é pipoqueiro.

Termo que significa correr do pau. Bola rola pra lá , pra cá.

E Fontana:

- Eita filho da  mãe.. eu vou conseguir.

Já no final do jogo fiz uma tabela com Ramon, e chutei a bola que, defendida por Raul foi para escanteio. Caí ao trombar com Brito; no chão ao tentar me levantar, Fontana chuta meu rosto, e corta o supercílio. Saí de campo, o doutor colocou um esparadrapo de efeito compressivo.

Volto, e de cara vou falar com Fontana, que diz:

- Voltou foi? Vou arrancar o curativo.

Eu, de dedo em riste naquele homão, falei:

- Tire, se você for homem.

A bola rola, Brito me tira de perto dele, e o jogo acaba.

Dias depois viajamos para Belo Horizonte para enfrentarmos o Atlético Mineiro. Fomos treinar na Toca da Raposa, centro de treinamento do Cruzeiro. Betinho, que tinha vindo do Botafogo,  era sobrinho de Fontana. Antes do treino eu estava trocando de roupa na vestiária vazia. Olhei alguém entrar e fechar a porta, falei que tinha gente  e não fechasse. É quando vejo por trás de mim duas pessoas. Uma, Betinho, e o outra, Fontana. Ele me pede calma. “Venho lhe pedir desculpas”.

Eu, ainda brabo:

- Não quero falar com você.

Ele, mais uma vez me enaltece, diz que sou um grande jogador. Aí, vi que ele era sincero, desculpei-o e, abraçados, fomos para o campo. Ao chegarmos lá, estavam todos rindo muito.

Luciano falou:

- E aí brabão, vai encarar a fera?

- Claro que não...

(Fontana foi reserva na Seleção Brasileira campeã de 1970, no México)


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