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| O Leão levou um passeio do Juventude (Foto: Genival Paparazzi) |
Por CLAUDEMIR GOMES
Ontem à noite (05/11/2025), na
Ilha do Retiro, ao perder para o Juventude por 2x0, o Sport alcançou a marca de
18 derrotas em 31 partidas disputadas no Brasileiro da Série A. A indignação é
o sentimento dominante em toda a torcida rubro-negra que se expressa através de
protestos. Os leoninos se dividiram em dois grupos: um adotou a célebre frase,
“não vou desistir de você”, e segue indo aos jogos externando o
descontentamento através de vaias e xingamentos. O outro pelotão optou pelo
silêncio e a ausência, por entender que, o abandono é mais doloroso e eficaz.
Não se trata de um – ame-o ou deixe-o – até porque as vaias e os xingamentos
são tão expressivos quanto a conjugação do verbo ignorar através de ações. O
rubro-negro não vai deixar de amar o Sport por conta de uma crise. Os protestos
têm como objetivo uma virada de página. Mas os dirigentes trapalhões, por não
terem vivenciado o clube, antes de serem guindados aos cargos que ocupam, fazem
ouvido de mercador ao clamor das arquibancadas. O poder embriaga! Ao
testemunhar capítulo tão nefasto da história do clube mais vencedor do futebol
pernambucano, foi inevitável não recordar do movimento – MUDA SPORT – surgido
no ano de 2001, e que culminou com a renúncia do então presidente, Luciano
Bivar. Na época, um grupo de jovens capitaneado por Milton Coelho – hoje
deputado – Honorato Leitão, Júlio César Soares, Carlos Pastor, Pedro Leonardo
Lacerda, Rodolfo Albuquerque... buscou uma forma de expressar o
descontentamento com os erros cometidos pela diretoria de futebol. Numa reunião
na UPE foi criado o grupo Muda Sport. Nas arquibancadas começaram a ecoar os
gritos: “Fora Bivar”. As adesões aconteciam a cada jogo e o coro uníssono se
tornou ensurdecedor. A voz do povo mudou o curso da história. O presidente
Luciano Bivar renunciou e o Conselho Deliberativo elegeu Fernando Pessoa. A
geração que criou o movimento Muda Sport já passou dos 50 anos. Creio que foi a
última a vivenciar o clube, conhecer a sua história, andar pelos corredores da
Ilha do Retiro e aprender como funciona aquele engenho de entretenimentos e
emoções. Nos dias de hoje, a relação clube-torcedor se restringe a presença
física nos estádios em dias de jogos. Toda conexão é feita através da telefonia
móvel e das redes sociais. A tribuna livre, sem porteiras e sem fronteiras não
surte o efeito desejado pela torcida, mas atende ao marketing que manipula,
direciona. Como autênticos rolando lero, os dirigentes chegam a debochar, com
declarações e explicações estapafúrdias, daqueles que são levados pela emoção.
É como se todos fossem tratados como memes. O ex-presidente, Luciano Bivar, do
topo dos seus 80 anos, com a experiência e propriedade de ser o maior
colecionador de títulos na história do Sport, tem dado seus gritos de protesto
e alerta, mas não foi seguido, de forma efetiva, por outros ex-gestores.
Evidente que, cada um tem o seu tempo, razão pela qual os demais ex-presidentes
devem ter optado por não confrontarem os atuais gestores leoninos. Gritos na
Internet não ecoam. Saudade do tempo do MUDA SPORT.

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