MUNDO DA BOLA-Lenivaldo Aragão

 




Ordem da dentadura foi cumprida ao pé da letra



Campeonato Pernambucano de 1999. No Estádio Severino Cândido Carneiro, o Carneirão, em Vitória de Santo Antão, enfrentava-se Surubim e Recife. A chamada era do Surubim, mas mesmo com a mudança de nome de Estádio Roberto Rivelino para Carlos Alberto de Oliveira – homenagem ao presidente da Federação Pernambucana de Futebol, na época –, o campo da terra de Chacrinha. Capiba e dos irmãos Neto e Lúcio Surubim não foi aprovado.

 O Surubim procurou aproveitar-se do fato de ser o mandante, embora jogasse em campo neutro, e tratou de engrossar o caldo. E até que conseguiu. Tanto que ao encerrar-se o primeiro tempo, o placar mostrava um gol para cada lado.

No intervalo, o técnico Hugo Benjamin e o preparador físico Marcellus Almeida procuraram dar aquela injeção de coramina nos jogadores do Recife.

“Precisamos ter garra para ganhar o jogo. Vamos lutar com unhas e dentes. Isso mesmo, vamos mostrar os dentes a eles”, advertiu Marcellus, no sentido de incentivar a rapaziada. Naquela partida, realizada no meio da semana, houve até um problema com a iluminação do Carneirão, o que provocou uma interrupção do jogo no segundo tempo. Enquanto esperavam que a energia fosse restabelecida, os times movimentavam-se dentro de campo para não perder o embalo. Marcellus estava atento, comandando a movimentação dos jogadores do time da Capital, sempre chegando junto e lembrando ao pessoal que a equipe deveria voltar com tudo.

“É preciso mostrar os dentes mesmo”, lembrou mais uma vez o preparador físico do Recife, procurando manter elevado o moral do time.

Esse negócio de mostrar os dentes é força de expressão. É gíria do mundo do futebol. Mas houve um jogador que levou muito a sério a instrução de Marcellus. Foi Isaías.

Em dado momento, com a partida ainda empatada, o juiz marcou um pênalti a favor do Recife. O cobrador oficial era Isaías, e ele não se furtou à sua missão. Deu uma caprichada, sem paradinha, e mandou a bola para o fundo da rede, provocando uma explosão de alegria entre os jogadores do Recife. Saiu para os abraços e lembrou-se da ordem dada por Marcellus.

Imediatamente, tirou a dentadura e saiu mostrando aos jogadores do Surubim. Jogadores das duas equipes e torcedores desmancharam-se em risos. Por palhaçada ou por ignorância, a determinação do preparador estava cumprida. Ao pé da letra.

 

 

 

Comentários